O verão não é só a estação mais quente do ano, como também é o período de maior incidência de chuva. A umidade da temporada é, no geral, benéfica para as vias respiratórias, porém é preciso ter cuidados extras para evitar a propagação de mofo, muito comum nessa temporada, que cresce em ambientes fechados e úmidos como armários e guarda-roupas. Além de danificar móveis, pinturas e roupas, o mofo pode ser muito prejudicial para a saúde e provocar crises alérgicas e de asma.
Estima-se que o Brasil tenha aproximadamente 20 milhões de pessoas com asma, segundo dados da SBPT (Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia), doença que é a quarta causa de internação hospitalar no Brasil. O Dr. Marcelo Fouad Rabahi, Professor Titular de Pneumologia na UFG (Universidade Federal de Goiás), explica que a presença de mofo nos ambientes é um fator desencadeante da asma: “Asma é uma doença crônica, ou seja, uma vez que o paciente é diagnosticado ele irá conviver com a condição para o resto da sua vida. Por isso, é importante ficar atento aos gatilhos que podem causar as crises de falta de ar, e o mofo – ou bolor – é um fator recorrente no verão”.
O mau cheiro e manchas escuras em paredes e móveis podem ser sinais da presença de bolor. Para evitar o crescimento de mofo durante o verão é importante caprichar na limpeza dos ambientes e móveis com produtos que eliminem os micro-organismos, como vinagre e água sanitária. Manter os espaços arejados e favorecer a entrada de luz do sol também ajudam a acabar com os fungos, já que eles se reproduzem em lugares úmidos, com pouca ventilação e baixa incidência solar.
Além de evitar contato com alérgenos que possam causar as crises, é importante que as pessoas diagnosticadas com asma tenham um acompanhamento médico e tratamento medicamentoso adequado para manter a doença controlada. Dados recentes do DATASUS (Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde do Brasil) mostram que três pessoas com idades entre 5 e 64 anos morrem a cada dia por asma no Brasil, com mais de 2 mil óbitos entre 2009 e 2013. Ainda de acordo com os dados do Ministério da Saúde, entre 2011 e 2015, mais de 320 mil internações aconteceram por decorrência da asma.
São dados alarmantes para uma doença que pode ser controlada. Prof. Rabahi explica que isso acontece porque as pessoas costumam subestimar os sintomas da asma, até que um episódio mais grave aconteça. “As pessoas não dão importância aos pequenos sinais que mostram que a asma não está controlada, como desconforto ao dormir e dificuldade para realizar atividades de esforço físico, e acabam sendo surpreendidas quando sofrem piora. Assim, ficam mais suscetíveis a crises de falta de ar e exacerbações, que podem levar a internações e até a morte”.
Como saber se asma não está controlada?
Segundo o GINA (Global Initiative for Asthma), principal órgão internacional que reúne os estudos sobre a doença e elabora diretrizes de tratamento, é possível saber que a asma não está controlada caso a pessoa tenha sentido um dos itens listados abaixo pelo menos uma vez nas últimas quatro semanas:
- Sintomas diurnos mais de duas vezes por semana;
- Qualquer despertar noturno causado pela doença;
- Uso de medicamentos para alívio da falta de ar mais de duas vezes por semana;
- Se a asma estiver limitando as suas atividades cotidianas.
O especialista reforça: “Caso sejam identificados quaisquer sinais listados acima, procure seu médico para entender se seus sintomas realmente não estão controlados e rever os medicamentos e doses para o tratamento adequado, garantindo o controle da asma e a melhoria da sua qualidade de vida. Ao contrário do que muita gente pensa, é possível prevenir as crises e viver sem sintomas, uma pessoa com asma pode realizar as mesmas atividades que uma pessoa sem esse problema”, afirma o Prof. Rabahi.
Foto: Reprodução
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