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Francisco faz 1ª visita de um Papa a Mianmar

O Papa Francisco desembarcou nesta segunda-feira (27) em Mianmar para uma visita de três dias na primeira etapa da sua viagem pela Ásia. A visita, que é a primeira de um pontífice ao país, anuncia-se delicada.

A nação, majoritariamente budista, é acusada de “limpeza étnica” pela repressão da minoria muçulmana rohingya que vive na região oeste do território.

O pontífice chegou pouco antes das 14h (horário local, às 5h de Brasília) no aeroporto de Yangun, a capital econômica birmanesa. Não há atividade prevista em sua agenda para esta segunda, mas Francisco poderá surpreender com algum ato extraoficial.

A visita começa com atividades na capital, Naypyidaw, com reuniões com as autoridades no palácio presidencial. Ele se encontrará com o presidente birmanês, Htin Kyaw, e com a líder de fato do governo e prêmio Nobel da Paz em 1991, Aung San Suu Kyi. Posteriormente, fará seu primeiro discurso depois de se reunir com as autoridades, a sociedade civil e o corpo diplomático, e depois voltará a Yangun.

Fuga dos rohingyas

Mianmar é acusado de limpeza ética contra a minoria muçulmana rohingya. Desde o fim de agosto, milhares deixaram seus povoados no estado de Rajin (oeste birmanês) para escapar da violência militar e procuraram abrigo no país vizinho, Bangladesh. Atualmente, cerca de 900 mil rohinyas de Mianmar estão no maior acampamento de refugiados do planeta, no sul de Bangladesh.

Às vésperas da visita papal, anunciou-se na quinta-feira um acordo entre os governos de Bangladesh e de Mianmar para o retorno gradual dos rohinyas.

No domingo, diante de 30 mil fiéis reunidos na Praça de São Pedro, no Vaticano, para a oração do Angelus, o papa comentou a visita. “Peço-lhes que me acompanhem com orações com a finalidade de que minha presença seja, para estas populações, um sinal de proximidade e esperança”, afirmou.

Na segunda etapa de sua viagem à Ásia, o papa segue para Bangladesh, onde fica de 30 novembro a 2 de dezembro. Ele escutará os testemunhos de um grupo de refugiados rohinyas no país, embora não tenha programada uma visita aos acampamentos.

Católicos em perigo

Após visitar a Colômbia, o papa viaja a dois países pobres e esquecidos da Ásia, onde os católicos são uma pequena minoria, em perigo constante.

Em Mianmar, 90% dos 58 milhões dos habitantes é budista e os católicos representam 1,2% da população, cerca de 660 mil pessoas, segundo a France Presse.

Em Bangladesh, os católicos são 375 mil e representam 0,24% dos 160 milhões de habitantes. Trata-se da 2ª visita de um papa ao país depois da realizada por João Paulo II em 1986.

 

Foto: Andrew Medichini/ AP
Fonte: G1