A direção da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) afirmou em entrevista coletiva hoje (21) que a análise de vacinas contra o novo coronavírus será técnica, independentemente do laboratório e do país de origem do tratamento.
Segundo a Anvisa, a análise de qualquer vacina será realizada de acordo com os parâmetros científicos e técnicos definidos neste procedimento. A agência analisa a segurança da substância e sua eficácia, visando avaliar se o tratamento traz resultados e se pode implicar em efeitos colaterais que coloquem a saúde ou a vida das pessoas em risco.
O presidente da Anvisa, Antônio Barra, afirmou que não cabe à agência adiantar posições ou análises sobre as vacinas nem apresentar previsões de calendário ou de quando uma substância estará disponível à população. A prerrogativa do órgão, reforçou, é examinar os pedidos de registro e as informações científicas apresentadas para embasá-los.
“A ação que esta agência tem no caso concreto dos protocolos vacinais é de aferição do desenvolvimento garantindo ao final do processo a qualidade, segurança e eficácia. A Anvisa não participa de compra feita pelo governo de medicamento ou insumo. As políticas públicas são do MS. Para nós pouco importa de onde vem a vacina. Nosso dever é fornecer a resposta se produtos induzem ou não à imunidade e se vai combater o coronavírus”, destacou Barra.
A diretora da Anvisa Alessandra Bastos declarou que a agência está atuando para avaliar os pedidos que chegam relacionados à covid-19, mas mantendo a segurança e as exigências dos protocolos. “Nossos técnicos avaliam se aquela fábrica está funcionando e que nessa vacina, independentemente de sua origem, seja produzida dentro de boas práticas de fabricação”, comentou.
SÃO PAULO
A Secretaria de Estado da Saúde e o Instituto Butantan divulgaram nota declarando que receberam com surpresa e indignação a declaração do Governo Federal.
“A postura de uma parte da União vai na contramão de todos os avanços conquistados até aqui nas negociações por representantes por ele escolhidos para o Ministério da Saúde com autoridades dos Governos Estaduais de SP e do Brasil. Com destaque para reuniões, inclusive presenciais, em Brasília, com participação do Secretário de Estado da Saúde, Jean Gorinchteyn, e o diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas, com o Ministro Eduardo Pazuello e seus assessores especiais. A CoronaVac, aliás, demonstra-se mais segura em comparação a outras vacinas em teste para COVID-19, e apresenta menor percentual de efeitos colaterais nos resultados obtidos até o momento”.
E complementam que “o compromisso do Governo do Estado de SP é disponibilizar aos brasileiros uma vacina comprovadamente segura, após a conclusão de todos os estudos clínicos e as devidas aprovações nos órgãos regulatórios, como a Anvisa. Assim, espera que o Ministério da Saúde honre o compromisso assumido publicamente ontem (20) com 24 Estados, adquira o imunizante, e garanta uma vacinação gratuita, segura e eficaz para proteger a população.
O próprio Ministro afirmou, ontem, que “A vacina do Butantan será a vacina brasileira. Nós já fizemos uma carta em resposta ao ofício do Butantan e essa carta, ela é o compromisso da aquisição dessas vacinas”. A frase é clara e sequer da margem para interpretações divergentes, sendo descabida a afirmação do Ministério de que houve “uma interpretação equivocada”. É evidente que qualquer aplicação requer aprovação da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) e todos os esforços para celeridade em todos esses processos estão sendo empregados para que a população tenha acesso o mais rápido possível a uma vacina segura e eficaz. O Governo de SP deseja também que o Governo Federal compreenda que salvar vidas é a missão máxima de qualquer gestor público responsável”.
Edição: Bruna Saniele