Mais de dois mil empreendedores que alcançaram o mercado externo em 2015 deixaram de exportar nos anos seguintes, segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços(MDIC). A falta de preparação dos empresários para atuarem no mercado externo, a burocracia administrativa e a complexidade dos procedimentos de exportação foram os principais entraves identificados pelos empresários de micro e pequeno porte.
É o que aponta pesquisa realizada pelo Sebrae, que mapeou os obstáculos que desmotivam os empresários de micro e pequeno porte a manter vendas para fora do país. Segundo o estudo, 61% dos empresários entrevistados afirmaram não conhecer os acordos internacionais e 83% admitiram que não tinham realizado nenhuma capacitação voltada para o comércio exterior.
A retração do interesse do mercado estrangeiro foi apresentada por 46% dos entrevistados como o motivo mais relevante que os fez deixar de exportar. “Esse comportamento mostra que o dono do pequeno negócio que atua no comércio exterior não chega a se planejar para conquistar esse espaço de forma consistente. Sua presença no mercado internacional depende principalmente do interesse de compradores”, analisa o presidente do Sebrae, Guilherme Afif Domingos.
A pesquisa revela, ainda, que 83% dos empresários entrevistados não receberam nenhum apoio governamental para exportar seus produtos. Apesar disso, 78% dos empreendedores têm planos de voltar a negociar produtos ou serviços para o exterior. Na pauta dos produtos mais exportados por pequenas empresas brasileiras estão: moda feminina, pedras preciosas, calçados, móveis, produtos de perfumaria, entre outros
A maioria dos pequenos empreendedores (57%) vendeu até R$ 50 mil. “O Brasil tem um enorme mercado consumidor. No entanto, é natural que uma parte significativa do empresariado concentre sua atuação apenas no consumo interno. O problema é que se a empresa não for competitiva para exportar, ela não será competitiva para sobreviver no mercado interno”, ressalta o presidente do Sebrae.
Segundo ele, é fundamental aumentar a competitividade, o valor agregado dos produtos. Para isso, a pequena empresa tem que se preparar e focar na produção e qualidade do seu produto. “O Simples Internacional é importante para os empresários de pequenos negócios”, ressalta Afif, em referência ao regime simplificado de exportação para as MPE optantes do Simples. Criado em 2016, o sistema prevê a habilitação de operadores logísticos para simplificar os procedimentos de exportação para os pequenos negócios.
O Operador Logístico Internacional oferece logística integrada, recolhendo o produto a ser exportado pelo pequeno empresário e entregando para o seu cliente no exterior, assumindo todas as responsabilidades aduaneiras com relação à custódia de mercadoria, emissão de documentos, despacho aduaneiro, transporte interno e transporte internacional, deixando o empresário livre para cuidar de seu negócio, sem se preocupar com a tramitação burocrática. A pesquisa do Sebrae mostrou que apenas 28% dos empresários que já exportaram conhecem o Simples Internacional, que conta atualmente com dois operadores habilitados.
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