O ministro da Justiça e Segurança Pública, André Mendonça, entrou no Supremo Tribunal Federal (STF) com um habeas corpus para suspender imediatamente o depoimento do ministro da Educação, Abraham Weintraub, determinado pelo ministro da corte Alexandre de Moraes no âmbito do inquérito das chamadas fake news.
Essa é a primeira reação concreta do governo Jair Bolsonaro ao Supremo após a operação da Polícia Federal, realizada na quarta-feira pela manhã por determinação de Moraes, que teve como alvo aliados e apoiadores do presidente, em mais um lance na escalada de tensão entre os dois Poderes.
O Ministro não foi alvo da operação realizada nessa quarta-feira (27/5). Mas foi flagrado pedindo a prisão de ministros do STF durante reunião ministerial do dia 22 de abril, cujo conteúdo foi tornado pública por decisão judicial na semana passada.
As ofensas levaram o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, estabelecer cinco dias para o ministro da Educação preste depoimento no inquérito das ‘fake news’ contra a Corte. Na avaliação de Moraes, a fala de Weintraub apresentou indícios de três delitos: difamação, injúria e crime contra a segurança nacional.
Ainda sobre o Ministro, entidades judaicas reagiram à comparação que ele fez de ações nazistas, responsável pela mortes de milhões, com a operação contra ofensas ao Supremo Tribunal Federal (STF). “Noite dos Cristais Brasileira”, escreveu o ministro em uma rede social.
A Confederação Israelita do Brasil (Conib) condenou a comparação. “Não há comparação possível entre a Noite dos Cristais, perpetrada pelos nazistas em 1938, e as ações decorrentes de decisão judicial no inquérito do STF, que investiga fake news no Brasil”, diz, em nota.
Por último, a Conib ressalta que, ao contrário da época do nazismo, os alvos têm direito à defesa. “A comparação feita pelo ministro Abraham Weintraub é, portanto, totalmente descabida e inoportuna, minimizando de forma inaceitável aqueles terríveis acontecimentos, início da marcha nazista que culminou na morte de 6 milhões de judeus, além de outras minorias”, concluiu.
O grupo Judeus pela Democracia publicou mensagem criticando a comparação. “A ação a mando do STF visa buscar quem financia Fake News e evitar novos linchamentos virtuais. A Noite dos Cristais não foi virtual, mas foi o linchamento real a judeus. O objetivo de hoje foi tentar evitar que novas “noites dos cristais” aconteçam com outros povos e pessoas”, afirma.
*Com informações da Agência Estado