Doria demite prefeito regional que se queixou de falta de recursos

Um dia após exonerar o gestor da Casa Verde/Cachoeirinha Paulo Cahim, o prefeito João Doria (PSDB) afirmou nesta quinta-feira (16) que os integrantes do seu governo que se queixarem de dificuldades serão demitidos.

“Quero aproveitar para dar um alerta aos demais prefeitos e prefeitas das Prefeituras Regionais, não reclamem, trabalhem. Os que preferirem reclamar vão pra casa porque nós queremos gente que trabalhe, arregace as mangas. Pra reclamar não, pra trabalhar sim”, disse Doria após a fiscalização da primeira via recapeada no programa Asfalto Novo, na Avenida Marechal Tito, na Zona Leste de São Paulo.

Cahim criticou a falta de verbas públicas para o combate às enchentes e limpeza do piscinão localizado na Avenida General Penha Brasil. A reclamação ocorreu em uma reunião da Comissão de Finanças da Câmara Municipal, presidida pelo vereador Jair Tatto (PT).

Nesta quarta-feira (15), a Prefeitura informou, em nota, que a exoneração de Cahim ocorre “por ele ter demonstrado conformismo diante das dificuldades, em lugar de empenho e criatividade na superação dos desafios”.

Segundo o prefeito, as críticas devem ser feitas internamente. “Fazer críticas públicas e não trabalhar vai pra casa”. Desta forma, a Prefeitura de São Paulo evitaria expor suas fragilidades à opinião pública e não desgastaria a imagem do tucano.

A medida que surge como ameaça afeta todos os integrantes da gestão tucana independente da área ou setor de atuação. “Isso é uma norma. Não faz sentido nenhum, você é uma equipe ou você não é uma equipe. Se você é um time, trabalhe pelo time, arregace as mangas e trabalhe. Dificuldades nós temos desde o inicio da gestão, elas não surgiram agora”, declarou.

O prefeito ressaltou que há um deficit de R$ 7,5 bilhões nos cofres públicos até o fim do ano. “São Paulo não está imune as enchentes, São Paulo está trabalhando para minimizar os efeitos das enchentes”, disse. “Nós não vamos mentir para a população dizendo que acabou o problema da enchente em São Paulo porque isso não é verdade”, afirmou.

Doria também afirmou que o piscinão será limpo e que o atraso ocorreu após o pregão de limpeza ser suspenso pelo Tribunal de Contas do Município.

De acordo com o coordenador das Prefeituras Regionais, Claudio Carvalho, estão sendo avaliados alguns nomes técnicos para substituir Cahim. O novo prefeito regional deverá ser obrigatoriamente da região e ter curso superior.

Esta é a terceira demissão de assessores de Doria nos últimos dias. O primeiro foi o jornalista Lucas Tavares, chefe de gabinete da Comunicação da Prefeitura, após ter sido gravado dizendo que iria dificultar “ao máximo” o acesso dos jornalistas que fazem pedidos pela Lei de Acesso à Informação.

O segundo a ser demitido foi o filho de um executivo de empresa de limpeza que fiscalizava varrição no Centro da cidade.

Asfalto Novo

Doria apresentou nesta quinta o primeiro trecho recapeado do programa Asfalto Novo, anunciado em outubro. Segundo o prefeito, esse é o primeiro programa de recapeamento a utilizar recursos de multas de trânsito.

A Avenida Marechal Tito foi a primeira a receber o novo asfalto com recursos de multas de trânsito. A via foi recapeada em trechos de duas Prefeituras Regionais. Da Praça Padre Aleixo Monteiro Mafra até a Avenida Deputado José Aristodemo Pinotti, em São Miguel Paulista, serão asfaltados no total 1.800 metros, em uma área total prevista de 21.600 m². Na mesma avenida, mas na área da Prefeitura Regional do Itaim Paulista, será asfaltado um trecho de 5.100 metros, desde a Rua Ivoturucaia até a Dr. Decio T. Leite, uma área de 72.800 m².

O programa Asfalto Novo vai investir R$ 350 milhões no recapeamento de mais de três milhões de metros quadrados de vias em todas as 32 Prefeituras Regionais da cidade. Deste total, R$ 210 milhões pertencem ao Fundo de Multas, R$ 100 milhões do Tesouro Municipal e os outros R$ 40 milhões serão investidos pela SPTrans no recape de corredores de ônibus. A Sabesp também fará o recapeamento de 400 mil metros quadrados de vias.

Segundo o prefeito João Doria, desta vez, as ruas serão recapeadas com asfalto de qualidade. “É um asfalto com controle de qualidade que, infelizmente, antes não havia, mesmo nos programas tapa-buraco era um asfalto de péssima qualidade. Agora, o nível de exigência junto aos fornecedores subiu, há um controle técnico”, declarou.

O programa abrange vias prioritárias da cidade como as avenidas Paulista (Centro), Elísio Teixeira Leite e Engenheiro Caetano Álvares (Zona Norte), Jorge João Saad, Nazaré, Interlagos e Estrada de Pirajussara (Zona Sul), Doutor Assis Ribeiro, Engenheiro Feijó Bittencourt, Doutor Francisco Mesquita, Aricanduva, Mateo Bei, Afonso Sampaio e Souza e Estrada de Poá (Zona Leste) e Av. Heitor Antonio Eiras Garcia (Zona Oeste).

Segundo Cláudio Carvalho, o asfalto passa a ter durabilidade de 8 anos ao invés dos 4 exigidos atualmente.

As vias recapeadas devem receber a sinalização horizontal logo após a secagem do asfalto. “No passado não era assim. O prazo máximo é de 48 horas no limite”.

O financiamento solicitado ao BNDES de R$ 1 bilhão para o recapeamento de vias está andamento e se aprovado o programa de recapeamento será ampliado em outros pontos da cidade.

Netflix e Igreja

Doria sancionou nesta quarta-feira (15), feriado da Proclamação da República, um pacote de medidas que inclui a fixação de imposto para serviços como Netflix e Spotify e autoriza o uso da verba esperada com multas de trânsito ainda não aplicadas como garantia para captar recursos no mercado.

“Em relação aos streamings tem que pagar, eu não vejo também porquestra serviços internacionais que ganham dinheiro aqui no Brasil possam estar isento do pagamento dos seus impostos, desde que impostos evidentemente justos que remunerem a cidade e o mercado onde está atuando”, disse nesta quinta.

Ele vetou um artigo que previa a isenção de taxas administrativas para igrejas. A regra havia sido incluída por meio de uma emenda apresentada pelo vereador Eduardo Tuma (PSDB), um dos líderes da bancada religiosa na Câmara. A medida afetaria taxas como as cobradas para a emissão de alvarás e de fiscalização.

“Não faz sentido, as igrejas podem e devem pagar impostos também, não há razão para que elas sejam isentas de impostos. Nós temos que ter critérios na cidade e esse foi o objetivo do veto a esse tema e as igrejas compreendem também, tanto as igrejas católicas, quanto evangélicas, todas elas. Eu não vejo nenhum tipo de conflito nessa relação e nessa interpretação”, afirmou Doria. Questionado se não teme perder o apoio das igrejas com a medida, ele negou. “Nós temos uma ótima relação com as igrejas, com todas elas”, comentou.

 

Foto: Tatiana Santiago/G1

Fonte: Folha/G1


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