Aprovado pelo Senado americano plano de ajuda de US$ 2 trilhões por coronavírus

Rua 42 praticamente vazia em Nova York© Angela Weiss Rua 42 praticamente vazia em Nova York

O Senado dos Estados Unidos aprovou na quarta-feira à noite um plano “histórico” de dois trilhões de dólares para dar oxigênio à maior economia do mundo, asfixiada pela pandemia de coronavírus, que já provocou mais de 1.000 mortes no país.

Estimulado pelo governo de Donald Trump e resultado de longas negociações entre os senadores e a Casa Branca, o texto “histórico”, segundo os negociadores, foi aprovado com o apoio dos 96 democratas e republicanos presentes na votação.

O plano ainda precisa da aprovação da Câmara de Representantes, controlada pelos democratas, que votará na sexta-feira, antes da promulgação pelo presidente.

“Peço à Câmara de Representantes que aprove este texto vital e me envie o projeto de lei sem demora para que seja promulgado. Vou assinar imediatamente”, disse Trump em uma entrevista coletiva na quarta-feira.

“Precisamos injetar este dinheiro na economia americana e enviá-lo aos trabalhadores americanos”, afirmou o secretário do Tesouro, Steven Mnuchin.

O pacote de ajudas contempla a entrega de dinheiro aos cidadãos – até 1.200 dólares por adulto e 500 por menor de idade – nas residências com renda anual inferior a 150.000 dólares.

O projeto aumenta consideravelmente os benefícios para os desempregados, que também podem contemplar os trabalhadores autônomos, medidas exigidas pelos democratas.

O texto inclui um pacote de quase 500 bilhões de dólares de empréstimos para pequenas empresas, assim como para as autoridades estaduais e locais afetadas, e quase US$ 300 bilhões em ajudas para o setor aéreo.

O plano de ajuda propõe uma verba de quase 130 bilhões de dólares para hospitais, saturados pela epidemia.

O pacote de ajuda será a maior injeção de dinheiro de emergência na economia na história dos Estados Unidos, acima dos resgates financeiros de 2008, quando a crise financeira mundial provocou uma forte queda da atividade americana.

Nova York, epicentro 

Os Estados Unidos superaram na quarta-feira a barreira de mil vítimas fatais do novo coronavírus e o número de casos se aproxima de 70.000, anunciou a Universidade Johns Hopkins, responsável pelo balanço.

Com os números, os Estados Unidos aparecem em terceiro lugar na lista de países com mais casos, atrás da China e da Itália. A Organização Mundial da Saúde (OMS) afirmou que o país pode virar em breve o novo epicentro da pandemia.

Mais da metade da população do país recebeu ordem de permanecer em casa, com medidas de confinamento mais ou menos estritas, de acordo com o estado.

Centro cultural e econômico do país, o estado de Nova York é o mais afetado pelo coronavírus. As medidas de distanciamento social e confinamento parecem ter freado a propagação da epidemia, afirmou o governador Andrew Cuomo.

“As flechas apontam na direção correta”, afirmou, em referência à desaceleração do aumento de casos.

Mas o pico da epidemia deve acontecer dentro de três semanas, completou.

O governador do estado de quase 20 milhões de habitantes exige equipamentos médicos do governo federal, incluindo milhares de respiradores.

Os quase três bilhões de dólares destinados ao estado de Nova York pelo plano de emergência federal para a crise são “uma gota de água no oceano”, disse Cuomo, que calcula a necessidade de US$ 15 bilhões.

Trump, no entanto,  já citou o desejo de que o país retorne ao trabalho para retomar as atividades, apesar das opiniões contrárias de cientistas e autoridades locais.

O republicano concentra sua campanha de reeleição na boa saída da economia americana.

Uma “recessão ou depressão grave” poderia matar mais pessoas que a epidemia, afirmou o presidente na terça-feira. E citou o 12 de abril, domingo de Páscoa, como data para a retomada da atividade econômica em parte do país.

Trump acusou a imprensa de ser “a força dominante que tenta obrigá-lo a manter o país fechado o maior tempo possível com a esperança de que isto prejudique a reeleição”.

Por AFP