Uma visão de São Paulo em 360º é a proposta do coletivo de arte Marshmallow Laser Feast (MLF) com a obra Dividing Lines, uma das quatro atrações da mostra Vestígios Paulistanos – Poética da Metrópole Distraída, em cartaz na Galeria de Arte Digital SESI-SP de 30 de setembro a 15 de novembro, das 20h às 6h. A exposição acontece na fachada do edifício da FIESP/SESI-SP, localizado na Av. Paulista, 1313, em frente à estação Trianon-Masp do Metrô.
Com o objetivo comum de lançar um olhar mais atento para aspectos pouco evidentes da cidade de São Paulo e, a partir daí, criar novas narrativas para as histórias encontradas, a mostra traz ainda mais três obras inéditas de artistas nacionais: Zonas de Indiscernibilidade, Fragmentos e Contemplação do Invisível.
O público poderá interagir com cada uma delas em uma plataforma construída especialmente para a mostra na Alameda das Flores (travessa para pedestres em frente à Galeria de Arte Digital SESI-SP), todos os dias, das 20h até às 22h.
A obra Dividing Lines é resultado da parceria entre o SESI-SP e o British Council, que durante duas semanas do mês de março de 2016 promoveram um workshop com 13 artistas brasileiros e os integrantes do MLF, Robin McNicholas, Barney Steel e Ersinhan Ersin. Os artistas registraram paisagens da cidade de São Paulo em 360º, usando o scanner panorâmico Lidar. As imagens foram processadas em software comuns e open source, permitindo criar jornadas narrativas pelas paisagens, enriquecidas por ambientes sonoros, também captados in loco e trabalhados posteriormente. A imersão na realidade virtual é possível por meio de óculos de realidade virtual, o Oculus Rift.
Para o presidente da FIESP e do SESI-SP, Paulo Skaf, “só se constrói uma sociedade independente e democrática promovendo o acesso de todos ao que de fato faz a diferença: o conhecimento. Por isso, ao investir em diferentes formas de arte e cultura, o SESI-SP reforça a convicção de que o conhecimento pode vir de pequenos detalhes, em alguns ‘vestígios’, que só o olhar atento do artista é capaz de revelar”.
Martin Dowle, diretor do British Council Brasil, ressalta a importância dessa iniciativa. “O projeto demonstra a vanguarda da criatividade e inovação vindos do Reino Unido e a utilização de tecnologia digital através do scanner Lidar e seu dispositivo de digitalização panorâmica de 360º, para ajudar as pessoas a entender o ambiente ao seu redor. Espero que o projeto envolva os jovens de São Paulo e também desperte a curiosidade do público de forma mais ampla, especialmente com a projeção de imagens de paisagens vistas através desta tecnologia no lado do edifício SESI / FIESP na Avenida Paulista. Ao combinar arte, imaginação e tecnologia digital, a exposição ajudará as pessoas a explorar aspectos de seu ambiente sobre os quais elas raramente pensam a respeito.”
O projeto Dividing Lines e Marshmallow Laser Feast (MLF)
Formado por Eleanor (Nell) Whitley (produtora), Robin McNicholas (co-fundador e diretor), Barney Steel (co-fundador e diretor) e Ersinhan Ersin (diretor de criação e tecnologia), o Marshmallow Laser Feast (MLF) é um estúdio criativo que explora a tecnologia na criação de projetos que reinterpretam a ideia da percepção humana. Em seus últimos trabalhos, o grupo vem utilizando um dispositivo de escaneamento panorâmico 360º, que mapeia o ambiente ao seu redor e o recria no computador em uma versão de imagem tridimensional e imersiva, chamado Lidar Scanner.
O SESI-SP e o British Council fizeram um convite ao estúdio: participar de uma residência artística de duas semanas com artistas brasileiros para a confecção de uma obra exclusiva para a Galeria de Arte Digital SESI-SP. Como a ideia da Dividing Lines era justamente buscar “linhas divisórias” dentro da cidade, desconhecida até então pelos artistas britânicos, seria necessária essa ajuda de quem conhece São Paulo como a palma da mão.
Foi a primeira vez que o MLF participou de uma residência artística no Brasil. Dos quase 80 candidatos inscritos para a residência, 13 artistas locais foram selecionados para participar do processo criativo da obra, com base no que suas bagagens culturais e técnicas pessoais poderiam acrescentar no âmbito da proposta da Dividing Lines. “Quando você olha a cidade de uma perspectiva externa como a nossa, a cultura é diferente, a cidade é cheia de contrastes que não conhecemos”, explica o diretor do MLF, Barney Steel. “Procuramos lugares que representem esse contraste cultural, a riqueza com a pobreza, a natureza com o concreto, e isso só é possível com a ajuda dos brasileiros que vivem aqui. Esse é o ponto principal do que buscamos nessa troca com os artistas locais para a realização desse trabalho”, afirma.
Entre seus trabalhos, o MLF desenvolveu projeto para a banda irlandesa U2.
Um sistema visual capturou e analisou os movimentos da banda gerando imagens projetadas em uma gigante tela de LED. O resultado pode ser visto no clipe da música Invisible
O resultado de todo esse trabalho depende inteiramente da dedicação, criatividade e habilidade dos participantes. Dessa forma, a iniciativa do SESI-SP e da organização internacional British Council, além de promover a arte digital, também fomenta a cooperação entre os países na área da economia criativa, viabilizando a troca de conhecimentos e experiências, como uma maneira de capacitar novos profissionais no campo das artes digitais.
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