Taxa de juros elevada afasta empreendedores dos bancos

A insatisfação com o sistema de financiamento brasileiro para os pequenos negócios foi discutida no Fórum de Cidadania Financeira, que encerra hoje (8) em Brasília (DF).  Segundo o presidente do Sebrae, Guilherme Afif Domingos,  86% das micro e pequenas empresas evitam buscar novos empréstimos. “Apesar da superação do pior momento da crise econômica e da redução dos juros pelo Banco Central, os pequenos negócios são cada vez mais excluídos do crédito bancário”, adverte.

Para presidente do Sebrae,  o Sistema Financeiro Nacional não atende às necessidades dos micro e pequenos empreendedores devido às altas taxas de juros e ao excesso de  burocracia e  exigências para tomar um empréstimo. “São espantalhos que afugentam as pequenas empresas e impedem que elas busquem os recursos necessários para alavancar o negócio. Na prática, os bancos só estão disponíveis para as médias e grandes empresas, que podem oferecer maiores garantias para os financiamentos”, comentou Afif.

Segundo levantamento da pesquisa de Financiamento dos Pequenos Negócios 2018, elaborada pelo Sebrae, entre os meses de junho e agosto, 54% dos entrevistados adotam a prática de negociar o prazo de pagamento de faturas diretamente com os seus fornecedores e 26% recorrem ao cheque pré-datado. Essas são as principais práticas adotadas para solucionar os problemas de caixa mais imediatos, dado que o sistema financeiro não oferece condições adequadas.

Na  avaliação dos entrevistados em relação ao sistema bancário, 61% dos seis mil empresários ouvidos acham o sistema ruim ou muito ruim, a pior avaliação desde 2013. Também é 61% a proporção dos empreendedores que não obtiveram crédito junto aos bancos nos últimos cinco anos, sendo que, além da taxas de juros elevadas, os principais motivos apontados para se afastarem dos bancos foram a falta de garantias e de avalistas.

Durante o fórum , o presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, anunciou o Índice de Cidadania Financeira: “Esse índice será útil para acompanhar a evolução da cidadania financeira no Brasil, de forma clara e sintética, nas diversas regiões do país e ao longo do tempo. É uma proposta inicial que apresentamos como convite para o diálogo e aperfeiçoamento”. Ilan também lançou uma proposta para o conceito de Cidadania Financeira e o Relatório de Cidadania Financeira (RCF), que a partir de agora substitui o Relatório de Inclusão Financeira.

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