O empresário e ex-prefeito da capital paulista João Doria (PSDB) foi eleito neste domingo (28) governador de São Paulo no segundo turno. O resultado só foi confirmado com 98,49% das urnas apuradas às 19h34. O tucano no total obteve 10.990.160 votos, o que corresponde a 51,75% dos votos válidos, contra 48,25% de Márcio França (PSB), que obteve 10.248.653 votos. Uma diferença de 741.507 votos, ou 3,5%. Votos nulos foram 3.543.394, 13,71%, e brancos foram 1.054.978, 4,08%
Depois de 16 anos, a eleição para o governo de São Paulo foi para o segundo turno, a última vez foi em 2002, entre Geraldo Alckmin (PSDB) e José Genoino (PT).
Ao comemorar a vitória, Doria enalteceu o apoio da mulher, Bia Doria, e de aliados, e disse que a partir de agora o PSDB não tera mais “muro”.
“São Paulo vai liderar a nova política, progressista, desenvolvimentista, para gerar empregos, atrair capital externo, gerar recursos no agro, turismo, indústria, tecnologia e ciência.”
Doria falou também sobre o futuro do PSDB. “Respeito os líderes que ajudaram a fundar e construir o PSDB. Não vamos desrespeitar a história desses nomes. Temos que interpretar essa eleição com muita humildade. PSDB precisa sintonizar com o momento atual e o momento futuro do nosso país. Faremos isso sem ofender ninguém, sem atacar a história de ninguém.”
Márcio França
Em coletiva de imprensa no Palácio dos Bandeirantes, na Zona Sul, Márcio França (PSB) falou em respeito aos resultados e disse que ligou para João Doria, a quem desejou “toda sorte do mundo”.
“A gente sai frustrado porque não era o que a gente queria, mas tenho a compreensão de que eleição é assim: acaba uma, começa outra. Foi assim a minha vida toda. Eu já disputei, com essa, 17 eleições, de algum jeito, ou apoiando alguém, ou fazendo campanha pra mim mesmo. E em todas elas, saibam, na maioria eu ganhei, mas saio do mesmo jeito, com mais vontade se fazer política, de poder ajudar as pessoas”, declarou França.
A vitória do tucano é a sétima do PSDB, que está no comando do estado há 24 anos. Mario Covas foi o primeiro tucano a governar o estado. Ele interrompeu a gestão do à época PMDB, hoje MDB, que se manteve no Palácio dos Bandeirantes de 1983 a 1995.
O candidato tucano venceu na maior parte das cidades do interior do estado e França, na capital paulista.
Doria foi eleito após uma campanha marcada por acusações de seus adversários de que ele deixou a prefeitura da capital paulista antes de terminar o mandato. Doria saiu da prefeitura em abril, depois de 15 meses, para poder disputar a eleição para governador.
Aos, 60 anos, foi a primeira vez que o tucano disputou o cargo. Doria foi afilhado político do ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB) e foi eleito no primeiro turno em 2016 para a Prefeitura de São Paulo.
Os dois tucanos tiveram um mal estar depois de Doria anunciar apoio ao candidato à presidência Jair Bolsonaro (PSL) antes do primeiro turno das eleições.
No segundo turno, Doria chegou a ir até o Rio de Janeiro para tentar se encontrar com Bolsonaro, mas não foi recebido pelo candidato à presidência. Bolsonaro afirmou, após a tentativa de encontro, que Doria é oposição ao PT e que lhe desejava boa sorte.
Alckmin chegou a dizer que Doria o teria traído durante uma convenção nacional do partido em Brasília. Antes de o partido definir o nome que disputaria a presidência, Doria declarou que deveria ser o escolhido, passando por cima do ex-governador.
Prefeitos tucanos de cidades paulistas chegaram a declarar apoio ao candidato Márcio França (PSB) ao governo de São Paulo. Questionado sobre a atitude dos prefeitos, Doria afirmou: “Eu não vejo racha, eu vejo depuração. As esquerdas se unem, as esquerdas se aglutinam e se aglutinam em torno do Márcio França. E é bom que façam isso, porque temos um campo mais claro, de esquerda”.
O diretório municipal do PSDB em São Paulo expulsou Alberto Goldman, ex-governador, que declarou voto em Fernando Haddad (PT) para a presidência, e o secretário estadual de Governo, Saulo de Castro, e mais 15 filiados por infidelidade partidária. Eles recorreram às instâncias superiores do partido.
Promessa de cumprir mandato
Em 2016, durante a campanha para assumir a chefia do Executivo municipal, Doria garantiu, em entrevista ao G1, no dia 21 de setembro de 2016, que se fosse eleito, cumpriria “todo o mandato”. “Serei prefeito por quatro anos e sem reeleição”, disse Doria à época.
Durante seu mandato ficou conhecido por vestir uniformes de funcionários, como de gari e pintor, por exemplo, durante a execução do Programa Cidade Linda.
Paulistano, Doria nasceu em 16 de dezembro de 1957, filho do publicitário e ex-deputado federal João Doria e de Maria Sylvia Vieira de Morais Dias Doria.
Logo após o golpe militar em 1964, seu pai, publicitário e marqueteiro político, que se elegera deputado federal teve o mandato cassado, o que fez com que a família se exilasse em Paris por 2 anos.
De volta ao Brasil, a mãe de Doria instalou uma fábrica de fraldas em Pinheiros, Zona Oeste de São Paulo e Doria foi estudar na Escola Estadual Professora Marina Cintra, na rua da Consolação.
Durante a campanha, em 2 de setembro, o então candidato visitou a escola. Doria foi recebido pela diretora e visitou a parte administrativa, conversou com alunos em uma sala de aula e tirou fotos com outros que estavam no horário do intervalo.
Em 1970, aos 13 anos, Doria começou a ajudar sua mãe na fábrica. Mais tarde, por meio das relações do pai, conseguiu um estágio em um departamento de Rádio, TV e Cinema de uma agência de propaganda.
Doria fez faculdade de Comunicação Social na FAAP e logo assumiu uma diretoria na antiga TV Tupi. Depois, tornou-se diretor na Rede Bandeirantes e ficou à frente da MPM, maior agência de propaganda do país na década de 80.
Hoje, Doria é casado com a artista plástica Bia Doria e tem três filhos. Ele tem dois livros lançados: “Sucesso com Estilo” e “Lições para Vencer”.
Sua grande marca está no Grupo Doria, grupo de Comunicação e Marketing composto por seis empresas: DoriaAdministração de Bens, Doria Editora, Doria Eventos, Doria Internacional, Doria Marketing & Imagem e LIDE (Grupo de Líderes Empresariais).
Foi no LIDE, que atualmente possui 1.650 empresas filiadas e que representam 52% do PIB privado brasileiro, que Doria se consolidou líder empresarial e articulador entre os empresários.
Também atuou como Publisher da Doria Editora que publica 18 revistas segmentadas voltadas para empresários e o público de classe A, entre elas: LIDE, Caviar LifeStyle, Gabriel, Meeting & Negócios, Mulheres líderes e Oscar.
Doria foi secretário Municipal de Turismo, além de presidente da PAULISTUR entre 1983 e 1986, na gestão de Mário Covas na Prefeitura de São Paulo. Posteriormente, presidiu a Embratur e o Conselho Nacional de Turismo, de 1986 a 1988.
Fonte: G1
Fotos: Divulgação