Pela terceira vez em pouco mais de uma semana, a zona norte de Porto Alegre vai parar. Depois de milhares de pessoas lotarem as imediações do aeroporto Salgado Filho na ida e na volta da delegação do Grêmio à final da Libertadores, uma nova multidão deverá se aglomerar no terminal de voos para prestar o último adeus pelo sonho do bicampeonato mundial, nos Emirados Árabes.
O Tricolor ainda treina na manhã desta quarta-feira, no CT Luiz Carvalho. Em seguida, o grupo segue para o aeroporto. O voo fretado está marcado para as 11h15, e o acesso será realizado pelo portão 8 (via Avenida Sertório), o mesmo utilizado no desembarque do tri da América, às 10h. Por questões de segurança até para outras aeronaves, o clube pediu à torcida que não utilize foguetes nem sinalizadores no local. Difícil será controlar o ímpeto dos fãs.
– Foi importante a ida deles (torcedores) no aeroporto para a final na Argentina. Usei como tema na preleção. Os que estiverem vivos (risos) de repente vão estar no aeroporto para se despedir mais uma vez do grupo. A felicidade deles é a nossa felicidade – comentou Renato em entrevista coletiva na terça-feira.
Conforme anunciou o treinador, todo o elenco principal estará na viagem por “merecimento”. Até aqueles que ficaram fora da lista de 23 permitida pela Fifa, como Cícero e Cristian, farão parte da delegação. E engana-se quem espera ver os jogadores no costumeiro abrigo oficial do clube. Em parceria com uma marca de vestuário, os atletas embarcarão de terno azul escuro, camisa branca e gravata azul clara. No blazer, foi estampado o símbolo tricolor na cor branca.
– (A preparação) Já comecei hoje (terça-feira), no vestiário. Mostrei para eles (jogadores) o quanto foi importante essa conquista (da Libertadores). Temos a chance de irmos lá e buscar o Mundial. Pode ter certeza que dentro da cabeça de cada jogador corre um pensamento grande. Se temos a chance, pode ter certeza que vamos buscar o título – garantiu Renato.
ATENÇÃO, TORCEDOR! O vôo gremista para o mundial será nesta quarta-feira, às 11h15, no terminal 2, e para evitar qualquer transtorno pedimos que não use sinalizadores, foguetes ou qualquer tipo de artefato! Isso prejudica a rotina do aeroporto e pode atrasar o nosso vôo!
— Grêmio FBPA (@Gremio) December 5, 2017
Com previsão de chegada para quinta-feira, o Grêmio terá cinco dias para se ambientar ao palco do Mundial de Clubes e treinar até a estreia. A semifinal está marcada para as 15h da próxima terça, dia 12, no Estádio Hazza bin Zayed, em Al Ain. O adversário será o vencedor do confronto entre Wydad Casablanca (Marrocos) e Pachuca (México).
Torneio começa hoje
Logo após a conquista da Taça Libertadores, muitos torcedores do Grêmio se viam imaginando um possível confronto com o Real Madrid no Mundial de Clubes. Mas, como bem lembram os torcedores de Internacional e Atlético-MG, pode haver uma pedra no meio do caminho. A competição organizada pela Fifa começa nesta quarta-feira com Al Jazira x Auckland City, às 15h (de Brasília), de volta a Abu Dhabi, nos Emirados Árabes, onde o Mazembe protagonizou uma zebra histórica diante do maior rival dos gremistas, que guardam boas recordações de Kidiaba e companhia na cidade. O estádio Mohammed bin Zayed Stadium, porém, não será usado na competição desta vez.
Antes da entrada dos campeões sul-americano e europeu, serão disputados confrontos de primeira fase e quartas de final – quando estarão em ação os times que aparecerão no caminho dos times mais badalados. Nas trilhas de Grêmio e Real podem estar equipes estreantes, como o anfitrião Al Jazira e o marroquino Wydad Casablanca, ou clubes que têm presença comum na competição, como o neozelandês Auckland City, que vai para a nona participação, ou o mexicano Pachuca, que terá a quarta oportunidade de disputar o torneio. Veja o guia abaixo:
A chave na qual está localizado o atual campeão da competição começará antes, com o jogo de abertura entre o Al Jazira e o Auckland City. Confira as equipes que podem chegar à semifinal do dia 13, no Hazza Bin Zayed:
Primeira fase – Al Jazira x Auckland City
06/12 (quarta-feira) – 15h – Al Ain
Campeão dos Emirados Árabes na temporada passada, com 11 pontos de vantagem, o Al Jazira é o único participante que não chega como campeão continental, mas como representante do país anfitrião – na Liga dos Campeões da Ásia, foi eliminado na fase de grupos. O clube dos Emirados fará sua primeira participação no torneio, buscando o maior momento de seus 43 anos de história. Seu vice-presidente é o xeque Mansour Bin Zayed Al Nahyan, dono do City Football Group, empresa que detém equipes de futebol como o Manchester City.
O time comandado pelo holandês Henk ten Cate aposta em uma receita caseira, com 19 jogadores nascidos nos Emirados Árabes entre os 23 inscritos no Mundial. Um deles, o atacante Ali Ahmed Mabkhout, foi o destaque do título em 2016/17, sendo artilheiro do campeonato nacional com 33 gols. Uma das exceções estrangeiras do elenco é o meia-atacante Romarinho, ex-Corinthians, que chegou ao clube nesta temporada, depois de três anos no Catar. Em quarto lugar no campeonato nacional nesta temporada, o time ostenta uma invencibilidade de nove jogos (cinco vitórias e quatro empates).
O Auckland City, campeão da Oceania, por sua vez, é o time com maior experiência em Mundiais de Clubes: será a sua nona participação, a sétima consecutiva. Ou seja, desde 2011, o clube da Nova Zelândia é o representante do futebol do continente na competição. Sua melhor participação foi em 2014, quando conquistou o terceiro lugar depois de superar Moghreb Tétouan (Marrocos), Sétif (Argélia) e cair para o San Lorenzo nas semifinais – na disputa pelo bronze, superou o Cruz Azul (México) nos pênaltis.
O treinador espanhol Ramon Tribulietx tem à sua disposição um elenco com nacionalidades diversas. São 11 atletas nascidos na Nova Zelândia, além de três espanhóis, dois ingleses, um argentino, um italiano, um croata, um sérvio, um coreano, um japonês e um atleta das Ilhas Salomão. O atacante Ryan de Vries é o homem-gol da equipe. Foi artilheiro da Champions da Oceania ao marcar seis vezes, ao lado do argentino Tade, líder da estatística do time no Campeonato Neozelandês da atual temporada, com 10 gols.
Quartas de final – Urawa x Al Jazira ou Auckland
09/12 (sábado) – 15h – Abu Dhabi
Vencedor da Liga dos Campeões da Ásia após superar adversários como o Shanghai SIPG (China) e o Al Hilal (Arábia Saudita), o Urawa Red Diamonds disputará o Mundial de Clubes pela segunda vez em sua história, após 10 anos longe da competição. Em sua participação anterior, em 2007, a equipe japonesa ficou na terceira colocação, após vencer o Sepahan e cair para o Milan, antes de superar o Étoile du Sahel (Tunísia) nos pênaltis.
Inspirada pela campanha histórica do compatriota Kashima Antlers, que surpreendeu ao chegar à final e quase vencer o Real Madrid no ano passado, o time japonês é comandado por Takafumi Hori e tem seu elenco formado basicamente por atletas do país. As exceções são os brasileiros Maurício, zagueiro ex-Marítimo, e Rafael Silva, atacante que fez nove gols na campanha do título asiático, incluindo um na final – além do esloveno Ljubijankic, que tem o primeiro nome de craque: Zlatan. Entre os nipônicos, destaca-se o atacante Koroki, terceiro na artilharia da última J-League, competição na qual o Urawa terminou na sétima colocação.
Semifinal – Real Madrid x Urawa ou Al Jazira ou Auckland
13/12 (quarta-feira) – 15h – Abu Dhabi
Atual campeão do torneio, o Real Madrid conseguirá um feito que não ocorria entre equipes europeias desde 1990, com o Milan: disputar dois Mundiais de Clubes de forma consecutiva. Na verdade, será a terceira participação dos merengues em quatro anos – a quarta no total, levando em conta apenas a era Fifa da competição (disputaram em 2000). Neste período, foram dois títulos. Se for contabilizada a época do chamado Mundial Interclubes, o time espanhol soma mais cinco presenças e três taças.
O elenco merengue dispensa apresentações, com Cristiano Ronaldo liderando um time de astros que ainda tem Marcelo, Sergio Ramos, Casemiro, Kroos, Modric, Bale e Benzema – todos comandados por Zinedine Zidane. O momento dessa constelação, porém, não é dos melhores, uma vez que a equipe vem vivendo irregularidade na temporada 2017/18, com 15 vitórias em 24 partidas, além de seis empates e três derrotas. Com esa trajetória, está na quarta colocação do Campeonato Espanhol e não conseguiu a liderança de seu grupo na Champions.
Na chave do campeão da Libertadores, a bola rola mais tarde, apenas a partir das quartas de final. Ou seja, o Grêmio precisará acompanhar apenas uma partida para saber seu adversário nas semis.
Quarta de final – Pachuca x Wydad Casablanca
09/12 (sábado) – 11h – Abu Dhabi
O Pachuca foi o primeiro time a garantir um lugar no Mundial ao vencer a Liga dos Campeões da Concacaf, ainda em abril, diante do Tigres. Desde então, os mexicanos vêm se preparando para realizar sua quarta participação no torneio – onde não chegava desde 2010. A melhor campanha da equipe foi em 2008, quando superou o Al Ahly (Egito), mas caiu para a LDU nas semifinais, perdendo a disputa do terceiro lugar para o Gamba Osaka.
O elenco comandado pelo uruguaio Diego Alonso é um misto entre atletas mexicanos (14) e sul-americanos. A grande estrela do elenco, porém, é japonesa: o meia Honda, ex-Milan, pode ser um diferencial para um time que vem fazendo má campanha no Campeonato Mexicano: está na 12ª colocação, 18 pontos atrás do líder Monterrey.
Do outro lado está o Wydad Casablanca, rival local do Raja (que ganhou fama ao vencer o Atlético-MG). Chega como representante da África após vencer a Champions do continente. O time marroquino é estreante em Mundiais e sonha ocupar o posto de grande zebra da edição.
Com elenco formado inteiramente por jogadores do continente africano, o Wydad conta com 20 atletas do Marrocos, além de dois da Costa do Marfim e um de Burkina Faso – todos sob o comando do também marroquino Hussein Amotta. Atual tricampeão nacional, o Wydad ainda não embalou na atual temporada. Ocupa a sétima colocação do Campeonato Marroquino. Quem vive melhor momento no time é o jovem atacante Bencharki, que tem cinco gols marcados na competição.
Semifinal – Grêmio x Pachuca ou Wydad
12/12 (terça-feira) – 15h – Al Ain
Último dos participantes a assegurar vaga no Mundial, o Grêmio iniciará sua campanha nos Emirados Árabes menos de duas semanas depois de superar o Lanús e conquistar a Taça Libertadores. Esta é a primeira participação do Tricolor Gaúcho no torneio organizado pela Fifa. Mas, contando o antigo Mundial Interclubes, será a terceira tentativa do clube de conquistar o planeta. Na primeira delas, em 1983, foi vencedor diante do Hamburgo. Mas, na segunda, em 1995, foi derrotado pelo Ajax nos pênaltis.
Entre os 23 jogadores inscritos pelo técnico Renato Gaúcho, os brasileiros predominam, com a exceção do zagueiro argentino Kannemann e do atacante paraguaio Lucas Barrios. O grande desfalque com relação à campanha vencedora na Libertadores será o meia Arthur, que lesionou o tornozelo na segunda partida da decisão sul-americana. O torcedor gremista também pode sentir falta de Cícero, que chegou apenas para a reta final do torneio e fez um gol no jogo de ida contra o Lanús.
Final
16/12 (sábado) – 15h – Abu Dhabi
Caso garanta presença na decisão do Mundial, o Grêmio tentará interromper um jejum incômodo para as equipes sul-americanas no torneio. Desde a vitória do Corinthians sobre o Chelsea, em 2012, os representantes europeus conquistaram todos os títulos da competição: o Bayern venceu o Raja Casablanca, em 2013; o Barcelona superou o River Plate, em 2015; e o Real Madrid triunfou diante de San Lorenzo e Kashima Antlers, em 2014 e 2016.
AS SEDES
Estádio Zayed Sports City – Abu Dhabi
O principal palco do torneio é o Estádio Internacional Zayed Sports City, em Abu Dhabi, capital do país. Reformado em 2009, o estádio é o maior dos Emirados Árabes, a casa tradicional da seleção do país. Sede do Mundial sub-20 da Fifa em 2003, a arena de 45 mil lugares havia sido utilizada nas edições de 2009 e 2010 do Mundial de Clubes e está garantida também para o torneio do ano que vem. Será palco de cinco partidas na competição em 2017: as duas quartas de final, a semifinal que contará com o Real Madrid, além da grande decisão e da disputa do terceiro lugar.
Estádio Hazza Bin Zayed – Al Ain
Inaugurado em 2014, após apenas 17 meses de obras, o Estádio Hazza Bin Zayed fica na cidade de Al Ain, a 145km de Abu Dhabi. É inspirado nos troncos das palmeiras, árvore símbolo dos Emirados Árabes. Esse design moderno conta com o charme de uma fachada com blocos que podem ser iluminados ou dar espaço à luz do sol. A arena tem capacidade para 25 mil pessoas e receberá três jogos no Mundial de Clubes: a primeira partida, entre Al Jazira e Auckland City, a semifinal que o Grêmio disputará, além do jogo que vale o quinto lugar.
Foto: Luciano Amoretti/Grêmio
Fonte: GE
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