“Ato ou efeito de cooperar, substantivo feminino”, a cooperação faz parte da solução e ingrediente essencial à cura da nossa maior doença social: o egoísmo. A Covid-19 não é apenas uma doença, é também um sintoma, entre tantos, que a sociedade produziu pela insensatez do individualismo. Ela não será o alvo permanente do combate, é um alvo temporário, mais uma manifestação da verdadeira causa que é o egoísmo.
O coronavírus foi o agente que trouxe uma forma exuberante e atual da maior chaga da humanidade, aliás, desde que o mundo civilizado foi descrito e registrado de alguma forma. Vencendo o egoísmo e os seus derivados: vaidade, orgulho, inveja, teremos uma sociedade mais sã. É certo que ele já provocou e resistiu a outras pandemias e dezenas de guerras. O egoísmo é o verdadeiro epicentro da nossa doença coletiva. Um “vírus” muito mais potente do que qualquer outro conhecido que se aloja no comportamento humano e encontra habitat propício na nossa teimosia em competir em detrimento de cooperar.
Proponho aqui que, por um momento apenas, que o leitor possa imaginar como seria o mundo com a substituição da competição desmedida pela cooperação, mesmo que moderada. Só por um minuto, pense na diferença de sentimento quando estamos diante da cooperação. Cooperar e receber o mesmo em troca. Quanto avanço que teríamos!
Pense bem, há 200 dias atrás a competição constante fortaleciam os sentimentos mais individualistas. Acho que chegamos ao topo da insanidade ao nutrir as redes “exibicionistas” sociais, que mais pareciam palcos de explícitos confrontos de egos do que plataformas de compartilhamento de informações relevantes para o conhecimento e evolução das ciências sociais.
Foi preciso, mais uma vez, o caos, o medo, a solidão e a proximidade da morte, a desesperança em dimensão global para que fossemos atrás e reencontrar porções de solidariedade e compaixão. Será que temos cura? Sempre acho que sim. Mesmo que as evidências não apontem para isso.
Mas somente com altas doses de cooperação pela manhã, tarde e noite, teremos chance de “aprender, de novo”, e atravessar este deserto árido e cheio de espinhos… mais espinhos.
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