O BBB, reality show exibido pela TV Globo no Brasil, completa uma semana nesta segunda-feira, 15. Um dos destaques desta edição, nos bastidores, é o uso intensivo de inteligencia artificial na casa onde os participantes estão confinados. Anualmente, para além do faturamento, ja que o BBB movimenta mais de R$ 2 bilhões em receitas para a emissora, ele também serve como uma forma de a Globo experimentar tecnologias.
Paulo Rabello, diretor do hub de operações de conteúdo da Globo, falou com a Forbes Brasil sobre o uso de IA neste ano e como funcionam os bastidores tecnológicos do BBB nesta edição. “Existe uma quantidade muito grande de tecnologias usadas no programa e especificamente nessa edição.”
Forbes Brasil – Pode nos dar uma dimensão do quanto o BBB é relevante para a emissora também do ponto de vista de experimentação de tecnologias e inovação?
Paulo Rabello – O BBB é um desafio muito grande sob o ponto de vista técnico, porque precisa conjugar a inovação com o uso de tecnologias ainda imaturas e em estágio de desenvolvimento com uma entrega que exige confiabilidade e robustez. O segredo é saber qual o limite que podemos inovar sem comprometer a entrega final. O processo de experimentação e prototipação é fundamental para o desenvolvimento das soluções e começa muito antes do programa estrear. Temos um time de tecnologia multidisciplinar dedicado ao programa, com técnicos, engenheiros e designers com vasta experiência em mecânica, eletrônica, automação, desenvolvimento de software e computação gráfica, que faz as mágicas acontecerem.
FB – Na história recente da Globo, o BBB contribuiu para vários experimentos relacionados a internet, vide Globo.com, podem dar alguns exemplos de como isso se deu, em outras palavras, como essa dinâmica digital do programa e a conexão com as redes sociais contribuíram para outros projetos da Globo?
Paulo – O tráfego de dados que o BBB exige é um case mundial ano após ano. Não existe nada parecido com esse fenômeno. A nossa infraestrutura de telecomunicações e de processamento dos nossos servidores para atender a interação com o público é sempre desafiada a cada nova edição do programa, seja no processo de votação dos paredões ou quando milhões de usuários que estavam acompanhando o programa na TV Globo migram simultaneamente para o Globoplay.
FB – Pode comentar algumas tecnologias recentes importantes na história do programa?
Paulo – Existe uma quantidade muito grande de tecnologias usadas no programa e especificamente nessa edição. Por trás das câmeras, por exemplo, toda a captação e processamento do sinal das 70 câmeras e dos microfones é baseada em uma rede privada de protocolo IP, pronta para trafegar sinais de vídeo de ultra resolução 4k. Alguns sinais das câmeras são transportados com o uso de tecnologia 5G. Já o processo de edição é baseado em um sistema de indexação que permite uma rápida visualização, com muita precisão, das cenas de cada participante. Entre as tecnologias que são perceptíveis ao público podemos destacar o uso intensivo de cenários e elementos virtuais, holografia e sistema de superslow motion com capacidade de mostrar detalhes de movimentos que o olho humano não conseguiria ver.
FB – Por fim podem explicar como vai funcionar o uso de IA nesta edição e a importância dessa tecnologia.
Paulo – Na edição passada fizemos uma série de testes do uso de IA para reconhecimento facial automático. Este ano, lançamos a câmera ‘Segue o líder’, que acompanha automaticamente o líder da semana, sem que seja necessário que um diretor de imagem precise selecionar, manualmente, a melhor câmera, entre as 70 espalhadas pela casa, para acompanhar esse participante. Com o uso de IA, treinamos um algoritmo de reconhecimento facial com fotos e vídeos dos 26 participantes dessa edição. A cada 0,5 seg, as 70 câmeras são analisadas por esse algoritmo que seleciona qual tem o melhor ângulo do participante. Essa câmera está disponível para os assinantes do Globoplay acompanharem cada passo do líder da semana e todas as suas conversas e articulações no jogo.
Por Forbes