“Estamos vivendo algo bem próximo a uma revolução na forma como viajamos.” É assim que Brian Chesky, descreve o movimento de retomada do turismo que tem levado a companhia a resultados recordes.
No terceiro trimestre deste ano, a empresa teve a maior receita de sua história: foram US$ 2,2 bilhões, 36% a mais do que o registrado no mesmo período de 2019, antes da pandemia. O resultado foi consequência da volta das viagens, principalmente durante o verão nos Estados Unidos e na Europa, regiões que têm diárias médias mais altas na plataforma.
Mas não se trata de um simples retorno à normalidade, segundo Chesky. Ele afirma que os novos modelos de trabalho, como o regime híbrido ou home-office, transformaram a forma com que pessoas de todo o mundo utilizam o AirBnb. “Se a tecnologia permite que as pessoas trabalhem em casa, o AirBnb permite que elas trabalhem em qualquer casa”, diz.
Chesky aponta que viagens de 28 dias ou mais foram as que registraram o maior crescimento no último trimestre e corresponderam a 20% do total de hospedagens realizadas, contra apenas 14% no terceiro trimestre de 2019. O Brasil não fica de fora dessa tendência. Por aqui, esse número chegou a 22%. “Os usuários não estão apenas se hospedando em AirBnbs, estão morando neles”, afirma o cofundador.
“As pessoas podem viajar quando quiserem, para onde quiserem. E podem fazer viagens mais longas porque não precisam estar de volta ao escritório na segunda-feira”, diz Chesky. Segundas e terças-feiras, dias em que tradicionalmente há menos reservas na plataforma e no setor hoteleiro como um todo, também têm registrado forte crescimento, conta o CEO.
A América Latina e o Brasil, especificamente, têm contribuído para os bons resultados do AirBnb. A região foi a que teve o maior aumento do número de anúncios: 25% acima do visto no mesmo período de 2019. A expectativa de Chesky é que a companhia cresça ainda mais no Brasil.
“Não acho que o AirBnb tenha chegado ao ponto de saturação em nenhum país onde estamos presentes. Estou certo de que ainda há espaço para crescermos no Brasil. O mercado doméstico brasileiro é bastante forte”, afirma.
Antes de chegar aos bons resultados deste trimestre, o AirBnb, junto com o setor de turismo, foi fortemente impactado pelas medidas restritivas adotadas por governos de todo o mundo para combater a Covid-19. Chesky conta que esse período forçou a companhia a se adaptar.
Em 2021, o AirBnb implementou 150 novas funcionalidades na plataforma, todas alinhadas com as tendências nas quais a companhia aposta. Entre elas estão a possibilidade de o anfitrião usar o aplicativo do AirBnb para testar e verificar a velocidade da conexão do Wi-Fi nas acomodações, facilitando a escolha de quem planeja trabalhar durante a estadia, e a busca flexível, que permite, por exemplo, que os viajantes procurem hospedagens com até 12 meses de antecedência e sem datas definidas.
Nesse processo de priorização, alguns produtos ficaram em segundo plano. Um deles é o Experiências, um serviço da plataforma no qual os usuários oferecem atividades, e não hospedagens, aos viajantes – desde aulas de dança e culinária a trilhas e passeios de barco. As medidas de isolamento social praticamente inviabilizaram esses encontros durante a pandemia, mas Chesky afirma que segue apostando que o produto voltará a crescer e se tornará um grande sucesso em breve. “Não dá para ficar no sofá assistindo Netflix todos os dias. Uma hora as pessoas vão querer sair de casa”, brinca ele.
Outra iniciativa que foi suspensa é um programa de benefícios para viajantes frequentes –algo nas linhas dos programas de milhagens das companhias aéreas. Segundo Chesky, esse é um dos pedidos mais recorrentes dos usuários do AirBnb. “Tivemos que colocar o projeto em pausa, assim como várias outras coisas. Vamos ver o que acontece daqui para frente”, diz o CEO.
*Com informações da Forbes