(Crédito: Porto de Santos)
A corrente de comércio exterior brasileira, soma das exportações e importações, deve chegar a US$ 441,7 bilhões em 2019, um crescimento de 4,9% em relação ao valor registrado no ano passado (US$ 421 bilhões). A projeção, que será revisada a cada trimestre, foi divulgada pela Secretaria de Comércio Exterior (Secex) do Ministério da Economia.
Segundo a Secex, as vendas externas brasileiras devem ter um acréscimo de 2,5% este ano e atingir US$ 245,9 bilhões, enquanto que as compras feitas no exterior podem chegar a US$ 195,8 bilhões, representando um aumento de 8%, em relação ao 2018. O superávit previsto é de 50,1 bilhões, o terceiro maior da série histórica, atrás apenas de 2017, com US$ 67 bilhões, e de 2018, com US$ 58,7 bilhões.
De acordo com o secretário de Comércio Exterior (Secex), Lucas Ferraz, da Secretaria Especial de Comércio Exterior e Assuntos Internacionais (Secint), a nova estimativa marca uma mudança de ponto de vista do governo federal em relação ao comércio exterior. “A tradição do debate público de comércio internacional no Brasil sempre olhou a exportação como extremamente positiva e a importação sempre como vilã. É uma visão que vem, talvez, lá de 1950, do modelo de substituição de importações”, avalia.
Na avaliação do secretário, a corrente de comércio é a variável mais importante. “Este governo tem uma visão mais moderna, pois enxerga o comércio internacional como uma das principais alavancas para o crescimento da produtividade, pois o objetivo é aumentar a participação do comércio internacional no PIB brasileiro”, enfatiza Ferraz.
Acumulado do ano
Em março, a corrente de comércio exterior alcançou US$ 31,250 bilhões, fruto das exportações de US$ 18,120 bilhões (aumento de 17,1% em relação a fevereiro, pela média diária) e importações de US$ 13,130 bilhões (aumento de 9,5% sobre o segundo mês do ano). Houve superávit de US$ 4,990 bilhões, valor 22,3% inferior, também pela média diária, ao alcançado em igual período de 2018 (US$ 6,420 bilhões).
No acumulado do ano, as vendas externas brasileiras foram de US$ 53,026 bilhões, uma retração de 3%, pela média diária, em relação ao mesmo período de 2018. Já as compras do exterior somaram US$ 42,138 bilhões, 0,7% menos que o registrado mesmo período do ano anterior (US$ 42,423 bilhões).
O trimestre registrou crescimento na venda de produtos básicos (8,7%) e queda nas exportações de manufaturados (-9,8%) e de semimanufaturados (-3,5%). Em relação aos básicos, houve aumento de receita de algodão em bruto (64,9%), milho em grão (52,6%), soja em grãos (22,2%), fumo em folhas (19,4%), café em grãos (5,8%), minério de ferro (3,5%) e petróleo em bruto (3%).
No grupo dos manufaturados, ocorreu retração principalmente em veículos de carga (-52,2%), automóveis de passageiros (-44,7%), autopeças (-21,8%), óxidos e hidróxidos de alumínio (-18,2%), plataforma para extração de petróleo (-16,1%), óleos combustíveis (-12,5%), polímeros plásticos (-12,1%), e máquinas e aparelhos para terraplanagem (-11,8%).
Dentro dos semimanufaturados, as maiores quedas ocorreram nas vendas de óleo de soja em bruto (-40,1%), açúcar em bruto (-32,8%), couros e peles (-22,9%), estanho em bruto (-4,5%), e ferro-ligas (-3,7%).
De janeiro a março de 2019, houve crescimento na importação de bens de capital (5,9%) e bens intermediários (2,2%) e retração nas compras de combustíveis e lubrificantes (-16,1%) e bens de consumo (-4,4%).
Por mercados fornecedores, na comparação janeiro-março 2019/2018, cresceram as compras originárias dos principais mercados: Oceania (25,5%), Ásia (14%), Mercosul (10,8%) e África (6,7%). Por outro lado, retrocederam as importações originárias da América Central e Caribe (-26,1%), União Europeia (-7,3%), Oriente Médio (-6,6%) e Estados Unidos (-5,7%).