O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, volta neste sábado (10) a discursar em público, pela primeira vez desde que anunciou há oito dias que tinha covid-19, na tentativa de relançar sua campanha e diminuir a desvantagem nas pesquisas contra o candidato democrata, Joe Biden.
A três semanas da votação, Trump, de 74 anos, garantiu que o tratamento experimental que recebeu “é uma cura” para o novo coronavírus e anunciou dois eventos públicos – neste sábado em Washington e na segunda-feira na Flórida.
Na tentativa de transmitir uma imagem de força, Trump se recusou a participar do debate programado para a próxima semana, depois que os organizadores mudaram para um formato online devido ao coronavírus.
O cancelamento gerou uma série de acusações do lado republicano. O diretor de comunicação da campanha de Trump, Tim Murtaugh, disse que “não há razão médica para interromper” o debate de 15 de outubro.
Afetado por sua hospitalização de três noites na semana passada, o presidente está empenhado numa tentativa frenética de recuperar o terreno de Biden, que as pesquisas apontam como o favorito.
Na sexta-feira, não parou de fazer campanha afirmando, falsamente, que a covid-19 já tem uma cura. Também garantiu que os médicos lhe disseram que ele esteve perto de morrer no pior momento de seu tratamento contra o coronavírus, que deixou mais de 213.000 mortos nos Estados Unidos.
Uma autoridade do governo informou que o discurso deste sábado giraria em torno do tópico favorito de Trump, “lei e ordem”.
O público estará no jardim sul da Casa Branca, enquanto o presidente falará do balcão da varanda.
Uma fonte com conhecimento do planejamento do evento disse que todos os participantes serão obrigados a usar máscara e terão suas temperaturas medidas.
IMPRUNDENTE
Trump dará outro passo importante na segunda-feira, realizando um comício em um estado crucial. “Estaremos em Sanford, Flórida, na segunda-feira, para um GRANDE COMÍCIO!”, tuitou o presidente.
O retorno à arena pública acontece em meio a dúvidas sobre o estado de saúde de Trump, que os funcionários da Casa Branca se recusam a esclarecer. Depois que o presidente riu de Biden por ter ficado em casa durante a pandemia, foi o democrata quem aproveitou a ausência de Trump esta semana para se lançar nos estados mais indecisos.
Biden visitou o Arizona na quinta-feira e Nevada na sexta-feira. Trump venceu os dois estados em 2016, mas as pesquisas dão ao democrata uma vantagem desta vez.
Em Las Vegas, o ex-vice-presidente criticou Trump: “Sua conduta pessoal imprudente desde o diagnóstico, o efeito desestabilizador que está tendo sobre nosso governo, é inconcebível”.
Antes de embarcar em seu avião de campanha, deu um conselho a todos que planejavam comparecer aos eventos públicos de Trump: “Boa sorte. Eu não iria a menos que tivesse uma máscara e houvesse distância”.
Na sexta, o presidente concedeu entrevista ao apresentador de rádio conservador Rush Limbaug. Trump afirmou que o coquetel experimental de anticorpos Regeneron que tomou como parte do tratamento terapêutico era “uma cura”. Ainda não existe cura nem vacina aprovadas para o coronavírus.
Em uma entrevista transmitida na sexta-feira à noite na Fox, disse ainda que estava “livre de medicamentos” e “não tinha problemas para respirar”. Ressaltou ainda que foi testado para a doença novamente, mas que ainda não sabe “os números”. Não se sabe quando a entrevista foi gravada.
Na entrevista com Limbaugh, Trump sugeriu pela primeira vez que esteve perto da morte, se não fosse pelo tratamento. “Graças a isso, estou falando com você hoje”, assegurou após se referir a um amigo seu que morreu de covid-19.
Biden lidera com folga as pesquisas e tem o apoio das mulheres e idosos, levando analistas a falar com cada vez mais confiança de uma vitória esmagadora do democrata. A infecção de Trump intensificou as críticas ao presidente por sua atitude e como lidou com a pandemia.