Sul-americanos decidem hoje quem vai à Copa

 

Avião sem asa. Fogueira sem brasa. Futebol sem bola. Mundial sem Messi. Mundial sem Messi? Pode uma Copa do Mundo não ter aquele que faz história a cada fim de semana, a cada quartas e terças, às 15h45, com as cores azul e grená? Será preciso esperar oito anos para ver Messi de novo em uma Copa? E se ele resolver abandonar a seleção de vez, já era? Contra essas dúvidas, contra a possibilidade de um vexame histórico, contra qualquer fantasma e, sobretudo, contra o Equador, a Argentina entra em campo nesta terça-feira, às 20h30 (de Brasília), no estádio Olímpico Atahualpa, para ir à Copa do Mundo da Rússia, em 2018.

Jorge Sampaoli convive com uma única conta: é necessário ganhar para, ao menos, garantir uma vaga na repescagem contra a Nova Zelândia. Com 25 pontos, a Argentina tem o trunfo do confronto entre Peru e Colômbia nesta última rodada. A Colômbia é a quarta, com 26 pontos, e o Peru tem 25, em quinto. Caso vençam, os argentinos estão, pelo menos, na repescagem. Os critérios de desempate são, em ordem: saldo de gols, gols marcados e confronto direto. No momento, os peruanos estão à frente dos argentinos no número de gols. Ambos estão empatados no saldo. E o treinador vai pela vitória, custe o que custar.

– Para mim, o mais importante é o resultado. Sei que se vai chegar a esse resultado com uma forma definida em haja a chance. Vou ficar feliz se a equipe ganha uma partida mesmo que não mereça porque já perdemos pontos que merecíamos. Creio que os argumentos da equipe estão muito relacionados com o que sinto. Espero que se consiga a classificação, porque Argentina merece largamente. Vejo equipes que estão à frente sem merecer – analisou.

A verdade é que a campanha dos Hermanos até o momento é medíocre. Desde que as eliminatórias assumiram o atual formato, a única vez que chegaram à última rodada com campanha semelhante foi para a Copa de 2010, quando tinham os mesmos 25 pontos, mas estavam em quarto. Para os Mundiais de 1998 e 2014, o torneio qualificatório teve dois jogos a menos – o Brasil não participou. Ainda há o agravante da falta de gols. Nunca a Argentina balançou tão pouco as redes nas eliminatórias. Tem apenas 16 gols em 17 jogos, ataque que só não é pior que o da lanterna Bolívia.

Em 20 edições, a Argentina só ficou fora de quatro Copas do Mundo. Em 1938, 1950 e 1954 se recusou a jogar por divergências políticas. A única vez que não se classificou nas eliminatórias foi em 1970.

Mas nada disso abala a confiança de Jorge Sampaoli, que ainda não obteve uma vitória em um jogo oficial pela seleção argentina. Sequer viu um jogador seu marcar um gol que não seja por um amistoso. O único feito até agora foi contra, no empate por 1 a 1 com a Venezuela. Após o 0 a 0 contra o Peru, o treinador sacramentou: vão ganhar do Equador. O jornal “Olé” se apegou a uma piscada de Messi antes do treino desta segunda para mostrar que o time está otimista. Campeões mundiais em 1986, Óscar Ruggeri e Burruchaga estão com a delegação no Equador. Não há espaços para erros.

– O grande impedimento que temos hoje está vinculado com o desejo desmedido dos jogadores de ir ao Mundial. O temos tão incorporado que isso joga contra. Se não pensarem tanto, haveria tranquilidade e paciência para ser quem somos. Estamos falando muito para que toda a aplicação que têm até o último terço em que se geram tantas chances tenham a clareza e confiança – disse Sampaoli.

Na véspera do confronto decisivo com os equatorianos, o técnico disse que mantém dúvidas. É provável que ele mude o esquema novamente. O treinador nunca repetiu a escalação desde que assumiu e varia de sistema de jogo a cada partida. Desta vez, passará do 4-2-3-1 utilizado na Bombonera, diante do Peru, para o provável 3-4-2-1. Fazio e Rigoni entram, Banega e Acuña saem. Mascherano passa para o meio-campo.

Os argentinos encerraram a preparação para o jogo em Guayaquil, no litoral equatoriano, e vão para Quito na manhã desta terça. A estratégia visa minimizar os efeitos dos 2,8 mil metros de altitude da cidade. O Equador é o adversário ideal para a Argentina. Tem cinco derrotas seguidas, vive crise institucional após a saída do técnico Gustavo Quinteros, perdeu o artilheiro Caicedo, que renunciou à seleção, e tem um argentino à sua frente. Jorge Célico comanda a equipe.

Uruguai recebe Bolívia para confirmar vaga

Desta vez, foi sem emoção. O Uruguai está garantido, ao menos, na repescagem, onde passou nas últimas quatro eliminatórias de Copas do Mundo, das quais, em 2006, foi eliminado pela Austrália. O estádio Centenário, em Montevidéu, estará lotado para o duelo com a eliminada Bolívia, que só perdeu fora de casa, contando a derrota para o Chile obtida após punição da Fifa. Um empate coloca a Celeste diretamente no Mundial. Mas o técnico Óscar Tabárez prefere manter a cautela.

– Não nos sentimos classificados nem pensamos que o jogo contra a Bolívia vá a ser para cumprir tabela. Ainda que fosse assim, mas não acreditamos. Se fosse assim, seria perigoso – declarou o Maestro Tabárez.

Paraguai tenta milagre

Foram três minutos milagrosos que enchem o Paraguai de esperança. Na última rodada, a Albiroja virou para cima da Colômbia no fim, venceu por 2 a 1 e se manteve viva. Nesta terça, recebe a eliminada Venezuela, que é a lanterna, mas perdeu apenas uma de suas últimas cinco partidas. Para ir à Copa depois de oito anos, o Paraguai tem que vencer. E torcer para que a Argentina não vença, e o Chile perca para o Brasil.

 

 

Foto: Reuters

Fonte: GE/ESPN/UOL


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