A Petrobras anunciou ontem o maior reajuste de preços de combustíveis do ano e o quarto apenas em 2021. O óleo diesel vai ficar 15,2% mais caro a partir de hoje nas refinarias e a gasolina, 10,2%. Os combustíveis já acumulam alta de 27,5% e 34,8%, respectivamente, no ano. O litro da gasolina passará a custar R$ 2,48 e o do diesel, R$ 2,58. Mas o valor para o consumidor vem acrescido ainda de impostos e repasse de custos das distribuidoras. De acordo com levantamento da empresa ValeCard, o litro da gasolina já ultrapassa R$ 5 em postos do país.
Os preços da Petrobras estão alinhados aos do mercado internacional desde 2017, com o objetivo de tornar o mercado brasileiro competitivo também para importadores e manter o mercado interno abastecido. Quando a cotação do petróleo sobe nas bolsas de negociação do mundo, a estatal revisa seus valores. O petróleo é a matéria-prima dos combustíveis e, por isso, costuma ser usado como referência na formação dos preços.
Neste mês, o preço do petróleo ganhou força por conta do frio nos Estados Unidos, onde o consumo avançou e os estoques baixaram em quase 6 milhões de barris. Além disso, a Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) tem indicado cortes de produção, para forçar ainda mais a alta dos preços.
Com a expectativa de que haja mais demanda que oferta de óleo no mundo, o produto está ficando mais caro. Em Londres, o barril do petróleo do tipo Brent fechou o pregão de quarta-feira a US$ 64,34, patamar que não era alcançado desde janeiro do ano passado.
Para o mercado, o anúncio de mais um reajuste de preços é uma mostra de que a Petrobras tem conseguido manter sua política de preços distante dos interesses políticos do governo. A empresa vinha sendo acusada de segurar a alta do diesel para favorecer os caminhoneiros, apoiadores do presidente Jair Bolsonaro, e para conter a inflação. Os caminhoneiros chegaram a ameaçar greve caso o combustível continuasse subindo.
José Alberto Gouveia, representante dos revendedores de combustíveis de São Paulo, diz que os repasses chegarão ao consumidor. “Com o novo aumento, vai ser difícil conter o preço. Estamos lutando contra o mercado”, afirma Gouveia, acrescentando que a revenda tem reduzido margens de lucro e cortado custos, principalmente, demitindo funcionários.
*Com informações da Agência Estadão