SÃO PAULO (Reuters) – O modo pânico foi disparado novamente no mercado de câmbio brasileiro nesta quarta-feira, com o dólar acima da até então inédita marca de 5,25 reais, em meio ao colapso dos preços de quase todas as classes de ativos financeiros globais diante de um mundo praticamente travado por causa da guerra contra o coronavírus.
O fortalecimento do dólar é global. A busca desenfreada por liquidez catapultava a moeda a máximas em três anos contra uma cesta de divisas e nocauteava divisas de países exportadores de commodities, conforme a paralisia econômica minava a perspectiva para a demanda por matérias primas. À parte desse grupo, a libra esterlina desceu a mínimas não vistas desde meados de 1980.
Nem mesmo a injeção pelo Banco Central de quase 3 bilhões de dólares nesta quarta via leilões de dólar à vista e de linhas com compromisso de recompra impediu um dia de grande estresse no mercado de câmbio. Evidência da percepção de menor liquidez, as taxas de cupom cambial (juro em dólar) <0#FRC:> dispararam, com a do primeiro vencimento saltando 78 pontos-base desde a mínima recente de 10 de março.
No fechamento das operações no mercado à vista, às 17h, o dólar saltou 3,94%, a 5,1993 reais na venda. É uma nova máxima recorde nominal para um encerramento. Durante os negócios, a cotação cravou 5,2510 reais na venda (+4,97%).
Em março, a moeda avança 16,03%. Em 2020, dispara 29,56%.
No mercado de dólar futuro da B3, em que os negócios se encerram às 18h, o contrato de primeiro vencimento tinha alta de 3,74%, a 5,1965 reais, após máxima de 5,2575 reais.
O mercado aguarda a decisão de política monetária do Banco Central, cujo resultado deve ser anunciado a partir de 18h desta quarta. A expectativa é de nova queda do juro, o que pressiona a taxa de câmbio.