O ano de 2021 começou com o Ibovespa, o principal índice da Bolsa brasileira, batendo recorde, o que desperta nos investidores o desejo de se superar ainda mais no novo ciclo. Mas em um período ainda recheado de incertezas, mais importante do que tentar dar a “tacada certa” é saber o que evitar para não terminar o ano lamentando as escolhas de investimentos.
Apostar em papéis com retornos prefixados, ficar apegado à velha caderneta de poupança ou não ter uma diversificação da carteira estão entre os erros a serem evitados para investir melhor.
Nesse cenário, em que um aumento dos juros já parece contratado pelo mercado financeiro, um dos principais riscos é ficar refém de taxas de retorno preestabelecidas. Confira a seguir as principais recomendações do que não fazer com seu dinheiro neste ano.
Comprar títulos prefixados sem pensar nos prazos
Luis Stuhlberger, responsável pela gestão do conhecido fundo Verde, já dizia em outubro que preferia “ficar dias presos a ficar aplicado em prefixado”.
Ainda não há uma clareza sobre o comportamento da inflação, que encerrou 2020 em 4,52%, portanto acima do centro da meta de 4% definida pelo Conselho Monetária Nacional (CMN), mas ainda dentro do intervalo de tolerância.
Se a atividade econômica entrar em um ciclo de retomada, outros preços, para além dos alimentos, tendem a subir, pressionando os índices de inflação e o Banco Central a elevar a taxa Selic – de acordo com o relatório Focus, do Banco Central, o mercado financeiro prevê a taxa básica de juros em 3,25%, ao fim de 2021, e em 4,75%, em dezembro de 2022.
Ter na carteira de investimentos, nesse momento, títulos prefixados, pode ser, assim, um erro, considerando a contratação de uma taxa hoje que poderá ser maior até o vencimento do título em questão.
Vale lembrar que a relação entre taxa e preço é inversamente proporcional. Toda vez que a taxa de retorno de um título sobe, seu preço diminui. E o contrário também é válido.
O Tesouro Prefixado com vencimento em 2023 pagava uma taxa de juro anual de 5,16% nesta terça-feira (12).
Não ter cuidado com “turn around”
Empresas em processo de reestruturação de seus negócios, processo conhecido como “turn around”, parecem atrativas a um primeiro momento pelo potencial de mudança, mas podem se tornar um problema para o investidor, se não forem bem avaliadas.
As ações dessas companhias passam, em geral, por períodos de quedas acentuadas em suas cotações e, após o início do turn around, atraem investidores que buscam ganho rápido.
Paulo Batistella Bueno, gestor da Santa Fé Investimentos, alerta que essas empresas devem ser uma opção apenas quando se tem confiança na administração delas – ou seja, com executivos com histórico de entrega de resultados – e, ainda assim, é aconselhável que novatos em renda variável evitem esses papéis.
Como exemplo, Bueno cita a empresa de educação Cogna e a de meio de pagamentos Cielo. “A primeira tem problemas em seu negócio, com um endividamento elevado. A segunda precisa se reinventar com o aumento da concorrência”, pontua.
Para o gestor, as questões não indicam que essas empresas não vão conseguir se reestruturar ou inovar em seus negócios, mas que o processo pode demorar.
Evitar pensar nos custos dos produtos
No entanto, essas carteiras investem basicamente em títulos públicos atrelados à Selic e tendem (há fundos que aboliram esse custo) a cobrar uma taxa de administração que incide sobre o valor investido, além de Imposto de Renda (com alíquota regressiva) sobre os rendimentos.
Com a Selic em 2% ao ano, a taxa de administração tem um peso ainda maior na remuneração final.
“As taxas que os gestores cobram precisam ser proporcionais ao risco e à atuação do gestor. Um fundo de renda fixa DI exige muito pouco do gestor. Ele praticamente não deveria cobrar taxa de administração”, assinala Bueno, da Santa Fé.
*Por Ana Paula Ribeiro / InfoMoney