Assim como as mucosas de nosso trato gastrointestinal, a nossa pele é colonizada por um grande número de microrganismos que constituem o que chamamos de microbiota cutânea. “Esta microflora cutânea pode sofrer alterações que afetam a pele tanto de maneira positiva, atuando na produção de agentes antimicrobianos e na regulação da resposta imune e inflamatória, como de maneira negativa, favorecendo o surgimento de doenças de pele”, explica Lucas Portilho, consultor e pesquisador em Cosmetologia, farmacêutico e diretor científico da Consulfarma. Mas estudos apontaram que a suplementação ou uso de creme com probióticos, bactérias benéficas que atuam no equilíbrio da microbiota, podem desempenhar um papel significativo no tratamento de condições como dermatite atópica, psoríase, acne e até câncer de pele. E também podem ser usadas como estratégia contra o envelhecimento cutâneo.
Por exemplo, os probióticos atuam diretamente no controle da oleosidade da pele. Dessa forma, há uma diminuição da obstrução dos poros, que podem levar a processos inflamatórios ou infecciosos como a acne. Além disso, bactérias como a Lactobacillus acidophilus melhoram o aspecto das lesões acneiformes, inibem o crescimento do agente causador da acne, diminuem a resposta inflamatória e suavizam os efeitos colaterais dos tratamentos habituais para a doença. “Pesquisas recentes também mostraram que o uso dos probióticos Bifidobacterium bifidum e Lactobacillus salivarius é eficaz para o tratamento de dermatite atópica, pois o conteúdo das células de bactérias interage com os receptores celulares da pele para modular a resposta imune, ajudando a aliviar a inflamação da pele comum desta condição”, destaca o especialista
Mas os benefícios das bactérias do bem não se restringem ao tratamento de doenças de pele, sendo muito úteis também para a saúde do tecido cutâneo e do organismo no geral. Além de atuarem na diminuição do processo inflamatório e da produção de oleosidade, os probióticos promovem também diminuição da retenção de líquido, aumento da imunidade do organismo como um todo e combate a bactérias ou fungos patogênicos. “Os probióticos liberam ainda algumas partículas microbianas chamadas de exopolissacarídeos (EPS), que são extremamente antioxidantes. Dessa forma, agem na redução do estresse oxidativo com consequente diminuição do envelhecimento celular”, completa o pesquisador.
Mas, diferente do que muitos pensam, probióticos são sim contraindicados para certos grupos. Por exemplo, pacientes imunodeprimidos, soropositivos, que realizam tratamento de quimioterapia ou que fizeram transplante de órgãos recentemente devem evitar o uso das bactérias. “Existem diferentes tipos de probióticos e cada espécie apresenta um resultado diferente na sua administração. Por isso, o ideal é que você consulte um médico antes de utilizar qualquer tipo de substância, pois apenas ele poderá avaliar o seu problema e indicar o melhor tratamento para cada caso”, finaliza Lucas Portilho.