Corinthians fica no empate na estreia da Libertadores

É claro que vencer um Dérbi, com autoridade, às vésperas de uma estreia na Libertadores, criaria expectativa alta na torcida do Corinthians. O empate sem gols com o Millonarios, nesta quarta-feira, em Bogotá, foi longe daquilo que os mais otimistas esperavam.

Os mais realistas, sim, podem comemorar o resultado: com adversidades, o Corinthians não chegou a sofrer na defesa e manteve a organização em boa parte do jogo. Criou pouco, é verdade, e muito disso pela ausência do suspenso Rodriguinho, justamente o herói da vitória por 2 a 0 sobre o Palmeiras, no sábado passado.

Com dois meses na atual temporada, ainda é cedo para exigir o Corinthians do Dérbi em todos os jogos. Principalmente na Libertadores, contra adversários enjoados, que também sabem atacar e não têm medo da camisa alvinegra. Foi assim contra o Millonarios, deve ser assim contra o Independiente, principal rival do Grupo 7, que ainda tem o Deportivo Lara, da Venezuela.

A volta de Rodriguinho no clássico contra o Santos, neste domingo, no Pacaembu, deve devolver parte da criatividade ao setor ofensivo. A fase, porém, é de experimentar, testar variações e procurar alternativas a um time que já é “cascudo”, mas pode evoluir bem.

Pela Libertadores, o Corinthians só joga no dia 14 de março, contra o Deportivo Lara, às 21h45 (de Brasília), em Itaquera.

Como foi a estreia?

A altitude de pouco mais de 2.600m de Bogotá foi claramente um fator desde o início do jogo. Diferentemente daquele time insinuante e mordedor do Dérbi, o Corinthians esperou, pensou duas vezes antes de cada passe e tentou o ritmo do confronto.

A estratégia foi debatida por Fábio Carille na véspera: em entrevista coletiva, afirmou que a equipe precisava “descansar” com a bola nos pés. O Corinthians realmente descansou, mas sem a bola… Apenas 43% de posse para a equipe brasileira.

Neste contexto, a entrada de Mateus Vital no lugar do suspenso Rodriguinho seria mesmo a mais acertada. Alguns fatores, porém, deixaram o Corinthians inoperante. A saber:

  • A distância entre as linhas fez o Corinthians investir em bolas longas– com Jadson e Vital “baixinhos”, seria impossível funcionar;
  • Millonarios, ao contrário do Palmeiras, manteve a marcação altae dificultou a saída de bola alvinegra;
  • Clayson e Romero, pelos lados, ficaram muito presos no campo defensivo e não deram superioridade numérica no ataque;
  • Vital e Jadson não incomodaram os zagueiros, tampouco atraíram a marcação para abrir espaços a quem vinha de trás.
  • Assim, foram OITO finalizações do Millonarios contra apenas UMA do Corinthians no primeiro tempo.

Aos 27 minutos, Carille mudou a formação para o 4-2-3-1, com Vital avançado e Jadson recuado, buscando a bola para qualificar a saída. Não ajudou muito…

Ainda em busca de soluções para o setor ofensivo, novo teste no segundo tempo: Júnior Dutra pelo lado esquerdo, no lugar de Clayson. Depois, Emerson Sheik na vaga de Romero, pela direita. E finalmente Lucca, que teve pouquíssimo tempo para mostrar algo.

Mesmo assim, a melhor chance foi na bola aérea: uma sobra de escanteio em que Henrique girou e mandou a bola no travessão.

A boa notícia esteve na defesa. Com linhas bem definidas e compactas, o Corinthians sofreu uma falsa pressão do Millonarios. A bola rondou a área de Cássio, mas o goleiro quase não trabalhou.

A primeira linha com Fagner, Balbuena, Henrique e Maycon vai se acertando. Um bom início para a campanha pelo bicampeonato da Libertadores – a primeira, por sinal, veio com um time de características e conceitos parecidos.