Já parou para pensar quanto tempo do dia você passa olhando para o celular? Segundo levantamento realizado pela empresa de estatísticas Statista, o tempo de uso do aparelho pelos brasileiros dobrou entre os anos de 2012, onde a média era inferior a duas horas diárias, e 2016, quando chegou a quatro horas e 48 minutos, a média mais alta do mundo.
Os dados chamam atenção, pois, o uso excessivo do celular, além de causar distúrbios psicológicos e do sono, também pode ocasionar problemas relacionados aos ossos, articulações e até mesmo à pele. Por exemplo, o hábito de realizar sempre o mesmo movimento com os dedos para digitar, ou até mesmo segurar constantemente o dispositivo com uma das mãos, pode favorecer o aparecimento de uma série de complicações.
Dores articulares nas mãos – Movimentos altamente repetitivos com o polegar têm sido identificados como um potencial fator de risco para distúrbios musculoesqueléticos relacionados ao uso de telefones celulares, pois esta repetição excessiva de um único movimento pode ocasionar um efeito inflamatório e, posteriormente, degenerativo nas articulações e tendões das mãos, dedos e pulsos.
Mas o problema pode ser evitado através de alguns cuidados básicos, sendo o principal deles a redução do uso do celular. Porém, caso isso não seja possível, devido ao trabalho ou funções do dia-a-dia, é importante que você descanse por pelo menos 10 minutos após duas horas trabalhadas, aproveitando este período para alongar e mobilizar os tendões e articulações da região dos punhos e das mãos.
Caso o problema persista, o ideal é buscar um fisioterapeuta que verificará formas de diminuir o estresse nessas regiões, além de auxiliar na redução das dores e no fortalecimento dos músculos e articulações.
Envelhecimento precoce da pele do pescoço – O hábito contínuo de inclinar a cabeça para baixo para visualizar o celular está acelerando o processo de envelhecimento em uma região difícil de tratar: o pescoço. Uma das razões citadas no estudo foi o uso exagerado do celular. Recentemente, o número de pacientes com rugas do pescoço vem aumentando de tal forma que o problema já tem até nome: Rugas Tech Neck.
“A pele do pescoço é muito fina, praticamente sem glândulas sebáceas, com espessura próxima a dois milímetros, pouco hidratada e onde há grande movimentação natural pela própria dinâmica da região. Logo, a inclinação frequente da cabeça para baixo a fim de olhar o celular, tablet ou outro dispositivo, favorece o surgimento precoce dos sinais de envelhecimento e a formação de sulcos na região”, destaca a dermatologista Dra. Claudia Marçal.
Segundo a médica, para evitar o aparecimento das rugas Tech Neck uma dica importante é, mesmo quando mexer nos dispositivos, manter a cabeça em um ângulo de 0 grau e a postura alinhada, com o celular erguido na direção dos olhos. Já com relação aos cuidados diários na região do pescoço, a especialista indica o uso de sabonetes neutros ou loções de limpeza à base de ativos calmantes. Para finalizar, o protetor solar com FPS 30, no mínimo, é indispensável, devendo ser reaplicado a cada quatro horas. No caso dos tratamentos, a toxina botulínica e os lasers figuram entre os procedimentos mais utilizados hoje para tratar as linhas de expressão que formam os colares horizontais.
Acne – Os aparelhos concentram um alto número de bactérias e sujidades que são carregadas até o rosto, principalmente no contato direto com o celular ou se a pessoa tem o costume de passar a mão na face, e isso acaba auxiliando na formação de espinhas.
“Para evitar o aparecimento ou agravamento do quadro acneico, é importante que você realize regularmente a limpeza de seu dispositivo com produtos específicos. Além disso, deve-se evitar passar a mão no rosto várias vezes ao dia, ainda mais se você tem a péssima mania de espremer espinhas”, recomenda a dermatologista.
Alergia – Além disso, alguns componentes dos celulares, como o cromo e o níquel, estão relacionados com o aumento do número de alergias na pele. E o pior é que o níquel está em quase todo o celular: desde a bateria de lítio (que traz níquel na composição) até o fio de ligação de cada chip (que é revestido com a substância), passando pelo microfone, eletrônica e revestimentos decorativos.
“Neste caso, além de sempre utilizar case e película no dispositivo, é necessário consultar um dermatologista ao perceber qualquer tipo de alteração na pele para que o profissional indique a melhor opção de tratamento para seu caso”, finaliza a Dra. Cláudia Marçal.