A FNP (Frente Nacional de Prefeitos) enviou ofício ao presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), e ao Ministério da Saúde pedindo “providências imediatas” do governo federal para suprir a escassez de oxigênio e medicamentos para sedação de pacientes com Covid-19 que estão sendo intubados.
De acordo com a entidade, que reúne 412 cidades com mais de 80 mil habitantes, já há registro de baixo estoque dos produtos em locais de Norte a Sul do país.
“Não é razoável que pessoas, cidadãos brasileiros, sejam levados à desesperadora morte por ‘afogamento’ no seco, ou que sejam amarrados e mantenham a consciência durante o delicado e doloroso processo de intubação e depois na sua longa permanência”, afirma nota da FNP.
De acordo com o Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde, os chamados “kits de intubação”, que contém medicamentos de anestesia, relaxamento muscular e sedação, também podem acabar nos próximos 20 dias.
Pesquisador da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) Amazônia, Jesem Orellana afirmou em entrevista à BandNews FM que a situação de Manaus (AM) em janeiro, com dezenas de pacientes mortos por falta de oxigênio nos hospitais, pode se repetir em vários municípios do Brasil nos próximos dias. O epidemiologista ressaltou que, na época, a Prefeitura de Manaus e o governo do Amazonas foram avisados de um possível colapso no sistema de saúde do município com 40 dias de antecedência.
“O que temos de diferente agora é que Manaus conseguiu receber oxigênio de outros estados quando foi preciso. Neste momento, não há como fazer isso porque boa parte do Brasil está em colapso ou perto de um”, disse o pesquisador.
Com a iminente falta de insumos no país, Orellana afirma que a única alternativa para tentar frear o contágio do novo coronavírus são medidas de restrição de circulação em todo o país. “Nunca defendi um lockdown nacional, mas, na atual situação, não vejo outra saída. O Brasil está afetado de Norte a Sul e de Leste a Oeste”, completou.
*Por Metro Jornal – Foto: AFP