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Gestão

Quando pensa na sua trajetória profissional, Tatiana Mattos lembra com carinho das lideranças – quase todas mulheres – que a ajudaram a chegar onde está hoje. Head de marketing do app de caronas BlaBlaCar desde junho de 2021, ela acaba de assumir como country head e será responsável pela operação da empresa no país. “Eu sempre fui influenciada por exemplos de mulheres que me empoderaram para crescer pessoal e profissionalmente.”

Tatiana teve exemplos de lideranças sensíveis, criativas e objetivas, mas só mudou sua imagem do que é ser líder quando assumiu esse lugar. “Quando você vive isso na prática, você vê que é muito menos ditar regras e muito mais construir e tirar o melhor das pessoas.”

Natural de Petrópolis, no Rio de Janeiro, ela se formou em jornalismo e trabalhou como produtora e editora de conteúdo online da Globo até fazer uma transição para o mundo corporativo. No marketing, fez carreira em empresas de tecnologia, como IBM, Uber e Zé Delivery.

O C-Suite desta semana também traz movimentações nos setores de alimentação, bens de consumo e moda. Juliana Cury é a nova vice-presidente de marketing e vendas do BK Brasil, Leonardo Cortes é CFO da Reckitt Hygiene Comercial, parte do grupo dono de marcas como Veja e Vanish, para a América Latina e Daniela Gontijo assume como country manager da Louis Vuitton para a América do Sul.

Forbes: Quais as diferenças de trabalhar em uma grande empresa já consolidada e em uma startup?

Tatiana Mattos: O marketing vai se aproximando cada vez mais do negócio em todas as empresas, mas eu acho que por uma natureza das startups esse processo de aproximação e quase de fusão é ainda mais acelerado. As startups têm um modelo de experimentação e de escalada que faz com que a velocidade dos nossos experimentos seja maior, então a curva de aprendizado muitas vezes também é acelerada. A gente tem ciclos de planejamento muito mais curtos e respostas muito mais imediatas. Por natureza, startups são empresas muito buscadas pelas gerações mais novas, o que faz com que a gente também tenha um ambiente mais questionador. São pessoas que de fato se abrem e participam das discussões mais ativamente.

F: O que você sugere para quem está começando a carreira: começar por uma empresa mais tradicional ou mergulhar nesse ambiente de startup?

TM: Eu acho que não tem certo e errado no ponto de partida. Beber um pouco de todas as fontes é importante e por qual fonte você vai começar não faz muita diferença. Eu costumo dizer que as empresas tradicionais lhe fazem digerir o Kotler [americano considerado o maior especialista em marketing] e olhar pra ele na prática, enquanto a startup acelera esse processo de ver o que que ele é na realidade. Os dois lados têm seus prós e contras que são necessários no desenvolvimento profissional em qualquer área.

F: E como a sua trajetória no marketing te preparou para o cargo que você está assumindo agora?

TM: Eu acho que o marketing é uma área de conexão com todos os setores de uma empresa. Dá uma base de um entendimento e de construção de relacionamento que te ajudam quando você assume uma cadeira mais holística, que é o momento pelo qual eu passo agora. Essa é a grande vantagem de uma área de muitas interações e atravessada por informações de todos os lados. Isso faz com que a transição para uma cadeira holística acabe sendo um pouquinho mais fácil, apesar de sempre ter desafios.

F: O que um profissional precisa ter em termos de formação e bagagem para assumir um cargo desse tipo?

TM: Se eu pudesse dizer três grandes fatores, tecnicamente falando, eu acho que todas as ferramentas que te empoderam no raciocínio lógico e criativo são super importantes. Quando a gente fala de soft skills, eu diria capacidade de ouvir, de construir relacionamento e de influenciar por meio dessas conexões. E por último, do lado humano, ter a segurança e a humildade de entender que você não vai saber tudo sempre. E tudo bem. Você vai conseguir construir isso com uma rede de pessoas que trabalham na sua equipe ou fora da sua empresa. E aí essa coisa da cadeira solitária vai caindo um pouco por terra e você vai vendo que não é bem assim na realidade.

Por quais empresas já passou
“TV Globo, IBM, Via Mia, Uber, Zé Delivery e BlaBlaCar.”

Formação
“Formação em comunicação social, habilitação em jornalismo pela UFJF (Federal de Juiz de Fora) e pós-graduação em marketing pelo Ibmec.”

Primeiro emprego
“Estagiária na assessoria de imprensa dos encontros regionais de comunicação da Universidade Federal de Juiz de Fora, em 2004.”

Primeiro cargo de liderança
“Assim que eu saí da IBM, em 2014, assumi uma equipe de quatro pessoas como coordenadora de marketing na Masan Serviços Especializados.”

Tempo de carreira
Desde o primeiro estágio, são quase 20 anos de carreira.