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Com os ativos financeiros já incorporando nos preços uma forte retomada da economia, “o mercado precisa de uma história nova para ter uma segunda rodada de recuperação, de aumento dos preços”. Essa é a avaliação de Fabio Akira, economista-chefe da gestora BlueLine.

Em painel da Expert 2020 sobre as estratégias e cenários para os mercados no mundo pós-Covid, Akira destacou a largada dos ativos financeiros em relação à recuperação da economia real, em meio a um contexto de volatilidade, marcado pelas eleições americanas e os riscos de uma segunda onda de contaminações pelo coronavírus, bem como os associados ao fronte político brasileiro.

“O cenário continua favorável, do ponto de vista dos fundamentos. As teses de reabertura e recuperação econômica prevalecem sobre o risco de uma segunda onda do coronavírus – até por conta da proximidade de uma vacina –, mas achamos que vai ser muito volátil e o mercado já antecipou muita coisa positiva”, afirmou.

Na avaliação do economista, a recuperação da atividade global será em formato de “serrote”, devido ao excesso de ruídos e à falta de linearidade do movimento.

Dito isso, a casa segue com cautela, reduzindo exposição à volatilidade por meio da seleção de ativos tidos como mais resilientes, com perspectivas de ganho de médio prazo. Entre os setores preferidos na Bolsa, Akira cita o de serviços financeiros e de e-commerce.

“Achamos que tem muito valor em determinados setores. Mas estamos fazendo isso de maneira bastante cautelosa e focando em ativos que tenham menos volatilidade e estejam menos sujeitos às oscilações globais”, diz.

Juros ainda oferecem oportunidade

E não são apenas nas classes de maior risco que os gestores enxergam valor. Embora o movimento de flexibilização monetária tenha levado a Selic ao menor patamar histórico, a avaliação é de que ainda há oportunidades nos juros locais.

Renato Junqueira, sócio fundador da Gap Asset, conta que explorou, durante o primeiro semestre, a visão de queda dos juros, e agora possui uma posição comprada na parte longa da curva. “Não acho que o Banco Central vai subir os juros, mas o espaço de queda é muito limitado”, afirmou Junqueira, ao pontuar os problemas fiscais domésticos, agravados pela pandemia.

“Passado o Copom, vai todo mundo virar as atenções para a questão fiscal e as dificuldades envolvidas – e o mercado tem grande chance de pedir mais prêmio.”

A estratégia também é adotada pela BlueLine, que diz ver oportunidade nos vencimentos mais longos, mas destaca a importância da cautela e de uma exposição gradual.

Akira chama atenção ainda para a importância da diversificação geográfica. “Embora a curva doméstica já tenha fechado bastante, ainda há espaço para cortes adicionais no México, então mantemos posição na parte frontal dos juros mexicanos.”

Já Marco Mecchi, sócio e gestor da MZK Investimentos, avalia que o Brasil chegou ao fim do ciclo de corte de juros, sem espaço, portanto, para novas quedas da Selic.

Com isso, a preferência recai sobre contratos de juros de vencimentos intermediários, que podem se beneficiar de um futuro fechamento de ==as taxas. “Se estivermos certos e o ciclo de cortes tiver acabado, a curva de juros deve ‘fletar’ [ficar estável] e o meio da curva é o ponto bom para estar posicionado.”

*Por InfoMoney