O ex-piloto de Fórmula 1 Wilson Fittipaldi Júnior, de 80 anos, morreu nesta sexta-feira (23), em São Paulo. Ele estava internado no Hospital Prevent Senior do Itaim Bibi, na Zona Sul, desde o último dia 25 de dezembro,quando se engasgou com um pedaço de carne durante o almoço de Natal e sofreu uma parada cardíaca.
No dia 23 de janeiro deste ano, Wilsinho, como era conhecido, foi novamente sedado após apresentar um quadro de espasmos. Semanas depois ele deixou a Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e permanecia em um quarto do hospital, mas não resistiu e faleceu hoje.
Em dezembro passado, Rita Fittipaldi, esposa do ex-piloto, falou nas redes sociais sobre o que tinha acontecido com o marido. Naquela data, ele também celebrava o aniversário de 80 anos.
“No almoço de Natal o Wilsinho engasgou com um pedaço de carne e teve uma parada cardíaca. Foi reanimado e se encontra sedado e entubado. Estamos aguardando ele acordar. Ele tem um histórico pós-cirúrgico difícil de retorno pós-sedativo. Um dia por vez, vamos aguardar”, afirmou na época, na postagem.
O ex-piloto foi diagnosticado com Parkinson em 2012 e, desde então, vinha com a saúde debilitada. Em 2019, ele passou por uma cirurgia para implantes de eletrodos no cérebro. Alguns meses depois, também foi operado após sofrer hemorragia cerebral em um acidente doméstico. Ainda não foram divulgadas informações sobre o velório e enterro de Wilsinho.
O início nas pistas
Ainda jovem, Wilson Fittipaldi começou a se aventurar nas pistas com os karts que ele e seu irmão construíram, ainda no Brasil. Ele participou da Fórmula Vee (anteriormente chamada de Fórmula Vê) e competiu também na Fórmula 3 inglesa, em 1966.
No entanto, só retornaria à Europa em 1971, quando fez parte da Fórmula 2 e terminou em sexto lugar, competindo ao lado de Niki Lauda, Ronnie Peterson e Carlos Reutemann. Foram três vitórias em 11 provas para Wilsinho, que conseguiu, com isso, uma vaga na F1 no ano seguinte.
Brabham: o início na Fórmula 1
Wilson Fittipaldi começou sua carreira na Fórmula 1 na Brabham, ao lado de Reutemann e Graham Hill. Apesar de ser competitivo, não pontuou naquela temporada – sua melhor colocação foi um sétimo lugar, nas pistas da Espanha e da Alemanha, em uma época na qual só os seis primeiros ganhavam pontos.
Ele também participou da primeira corrida da F1 no Brasil em 1972 e alcançou o pódio, com o terceiro lugar. Porém, o evento em Interlagos era um teste de qualidade da pista e, portanto, não dava pontos para o campeonato.
No ano seguinte, Wilson terminou na 15ª posição no mundial de pilotos, pontuando na Argentina (sexto lugar) e na Alemanha (quinto).
Copersucar: o sonho realizado
Após duas temporadas na Brabham, Wilson não participou do campeonato em 1974. O motivo, no entanto, era nobre: focar na criação da primeira equipe brasileira na Fórmula 1. No ano seguinte, surgiu a Fittipaldi-Copersucar, que era baseada em São Paulo – fugindo do padrão da época, onde as equipes eram, em sua maioria, baseadas no Reino Unido. Aliás, a Copersucar foi a única equipe sul-americana da história da categoria.
Na primeira temporada da Copersucar, em 1975, Wilson Fittipaldi foi o único piloto da equipe durante todas as provas, com exceção da corrida na Itália, quando foi substituído por Arturo Merzario após quebrar um punho na prova anterior, na Áustria. Pela nova equipe, não pontuou: sua melhor posição foi o 10º lugar, no GP dos Estados Unidos (último da temporada).
Aquela seria a última temporada de Wilson Fittipaldi como piloto de Fórmula 1. Mas a trajetória de Wilsinho seguiu do lado de fora, comandando a nova equipe. Dentro das pistas, Emerson Fittipaldi trocou a grande McLaren pela equipe de sua família, em uma manobra arriscada. De lá, só saiu ao término da temporada de 1980.
Em 1982, os irmãos Fittipaldi resolveram fechar a equipe, que sofreu muitas críticas pelo desempenho ao longo dos anos. Ainda assim, a Copersucar-Fittipaldi conquistou três pódios durante os oito anos na categoria, sendo um deles com o 2º lugar no GP do Brasil de 1978.
Vida após a Fórmula 1
Wilsinho ainda participou de outras competições após deixar a F1. Na Stock Car, participou das temporadas de 1982 e 1983; nos anos 90, retornou em 1991, e também disputou em 1994, 1995 e 1996. Já em 2008, aos 65 anos de idade, ele se uniu ao irmão em parceria no Campeonato Brasileiro de GT3. Seu último projeto foi a organização da Fórmula Vee (antiga Fórmula Vê), justamente onde tudo começou.