A Justiça da Espanha negou um pedido de soltura para o jogador Daniel Alves, preso desde o dia 20 de janeiro acusado de estupro, e decidiu que ele deverá seguir preso até o julgamento do caso.Segundo os juízes que analisaram o recurso da defesa, há riscos elevados de fuga, uma vez que a residência oficial dele fica no Brasil.
O advogado Cristóbal Martell, que defende Daniel Alves, tentava convencer a Justiça de que o brasileiro podia ser levado para casa em que mora com a esposa Joana Sanz, em Barcelona, e que podia ser monitorado por tornozeleira eletrônica. A defesa ofereceu ainda que jogador entregasse seus passaportes e se apresentasse diariamente à Justiça como garantia de que não deixaria a Espanha.
No entanto, os magistrados que analisaram o recurso ressaltaram que o jogador tem uma série de negócios em território brasileiro e que possui condições financeiras de alugar um avião para deixar a Espanha sem os controles tradicionais dos aeroportos.
Além disso, pesaram na decisão os muitos indícios de que o brasileiro cometeu o crime pelo qual é acusado, como vídeos da boate Sutton e testes de DNA. Assim, os magistrados negaram a soltura dele. “Há diversos indícios da criminalidade do senhor Daniel Alves, e eles não partem apenas das declarações da denunciante”, destacaram os juízes.
A defesa do jogador ainda não informou se pretende entrar com um novo recurso e também não há previsão de quando o caso seja julgado.
Antes da análise do recurso pela Justiça, o Ministério Público já tinha se posicionado contra a soltura, pois diz que o risco de fuga do jogador seria muito grande em função de sua capacidade econômica e também por que o Brasil e a Espanha não possuem um tratado de extradição, o que significa que Daniel Alves estaria longe do alcance.
A advogada da vítima também apresentou um recurso no Tribunal de Barcelona pedindo que o jogador continue preso, sob a mesma alegação de que ele poderia fugir facilmente.
Acusação de estupro
O jogador brasileiro é acusado pela jovem de 23 anos por agressão sexual dentro do banheiro de uma boate em Barcelona, no último dia 31 de dezembro.
A jovem declarou que estava com amigas e que elas foram convidadas a subir à zona VIP por um grupo de garotos mexicanos. Um garçom, então, as convidou para sentar na mesa de Daniel Alves e um acompanhante. Elas se recusaram no início, mas “o cliente insistiu, e o garçom destacou que se tratava de um ‘amigo’”.
Finalmente, as moças aceitaram se sentar à mesa. Depois de um tempo conversando, contou a vítima, Daniel Alves “começou a ‘fazer o bobo’ com as três, enganchando-se muito e tocando-as”. Além disso, em várias ocasiões, “pegou-lhe com força a mão e Alves e colocou-a em seu pênis”, enquanto ela tentava evitá-lo. Mais tarde, o brasileiro lhe apontou uma porta e obrigou-a a segui-lo e a entrar”.
A vítima denunciou que, já no banheiro, “Alves a obrigou a sentar-se em cima dele, a atirou ao chão, a obrigou a praticar sexo oral, a que ela resistiu ativamente, a esbofeteou, a levantou do chão e a penetrou até ejacular”.
Quando foi prestar depoimento na delegacia de Barcelona sobre a acusação de estupro, Daniel Alves negou conhecer a vítima. Porém, quando confrontado pela juíza sobre uma tatuagem íntima que ele tem entre o abdômen e a virilha, descrita pela vítima, ele confessou ter tido relações com ela, mas de forma consentida. Assim, ele foi preso no dia 20 de janeiro e segue sob custódia desde então.
Depois, em audiência, ele disse que a vítima fez sexo oral nele. Porém, pela terceira vez em que foi ouvido, ele mudou a versão e agora admitiu que houve “penetração vaginal”, de acordo com o site espanhol “El Tiempo”.
Áudio de câmera de segurança
De acordo com o jornal espanhol “Ara”, o áudio de uma câmera de segurança da boate onde o crime teria ocorrido revela que o brasileiro chamou a vítima para ir ao banheiro, contrariando a versão do atleta de que a jovem teria ido ao local por conta própria.
“Ele está me dizendo para ir, mas não sei por quê”, teria dito a vítima na gravação. “Vá e feche [a situação]”, teria dito uma amiga, apontando na direção de Daniel Alves.
Depois dessa conversa, a jovem teria entrado no banheiro com o jogador, onde permaneceu por 16 minutos e, segundo ela, houve o estupro. Um exame de DNA feito nos restos de sêmen encontrados nas partes íntimas da vítima, em sua roupa e no chão da boate, comprovou que o material é do brasileiro.
Por enquanto, a defesa do jogador alega que as imagens mostram a jovem entrando no banheiro “por livre vontade” e diz que isso configura uma “distorção narrativa”, o que corrobora para a tese de sexo consensual.