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O mercado acionário brasileiro adotava um viés positivo nesta sexta-feira, após uma semana mais negativa, ensaiando uma recuperação com a ajuda do cenário favorável a ativos de risco no exterior, mas sem tirar a safra de balanços no país do radar, bem como o ambiente político local ainda complicado.

Às 11:55, o Ibovespa subia 2,6 %, a 80.146,76 pontos. O volume financeiro era de 7,52 bilhões de reais.

Até a véspera, o Ibovespa acumulava na primeira semana de maio queda de quase 3%.

Na visão da equipe da Ágora Investimentos, o apetite a risco se apoia em sinais de alívio nas recentes tensões comerciais entre os Estados Unidos e a China em meio à pandemia do novo coronavírus, coforme nota a clientes mais cedo.

Os principais representantes comerciais de EUA e China discutiram a Fase 1 de seu acordo comercial nesta sexta-feira, e o país asiático disse que concorda em melhorar a atmosfera para sua implementação, enquanto os EUA disseram que os dois lados esperam que as obrigações sejam cumpridas.

Nos EUA, dados mostraram que economia norte-americana perdeu impressionantes 20,5 milhões de postos de trabalho em abril, a queda mais acentuada no emprego desde a Grande Depressão, mas abaixo dos 22 milhões esperados no mercado.

Em Wall Street, o S&P 500 tinha alta de 1%.

No Brasil, a temporada de balanços destacava os números de Natura &Co e Yduqs, entre outras notícias corporativas, como anúncio da Via Varejo de que avalia a possibilidade de uma oferta de ações.

A equipe do BTG Pactual também destacou que a parte política continua sendo uma das maiores preocupações, uma vez que impacta na programação de reformas, nos ajustes fiscais necessários e por último o programa de e privatizações, conforme nota enviada a clientes pela área de gestão do banco.

“Quanto à bolsa, … estamos em um processo de acumulação do Ibovespa entre 76.000 a 80.000 pontos. Continuamos realizando revisões em nossa grade de projeções, à medidas que são publicados os balanços trimestrais, porém os ajustes estão mais intensos e continuamos cortando as nossas estimativas de lucro para 2020 e 2021 em média 35% este ano.”

DESTAQUES

– BANCO DO BRASIL ON subia 4,1%, em sessão de recuperação dos papéis de bancos, com ITAÚ UNIBANCO PN valorizando-se 4,7% e BRADESCO PN em alta de 3,1%. SANTANDER BRASIL UNIT ganhava 5,6%.

– PETROBRAS PN e PETROBRAS ON avançavam 3,9% e 4,2%, respectivamente, entre as maiores altas do Ibovespa, tendo de pano de fundo alta dos preços do petróleo no exterior. Analistas do Bradesco BBI elevaram a recomendação dos papéis para ‘outperform’, bem como o preço-alvo das preferenciais para 29 reais, de 18,50 reais anteriormente.

– VALE ON tinha elevação de 4,7%, favorecida pelo noticiário sobre comércio EUA-China, além da alta dos preços do minério de ferro na China, apoiada pela crescente demanda das siderúrgicas locais, à medida que o país retorna de bloqueios relacionados à pandemia de coronavírus.

– YDUQS ON mostrava acréscimo de 2,8%. O grupo de educação reportou na quinta-feira queda de 30,3% no lucro líquido do primeiro trimestre, a 167,9 milhões de reais, afetado entre outros fatores por aumento despesas principalmente por medidas relacionados ao Covid-19. Nesta sexta-feira, afirmou esperar sinergias maiores que as previstas com aquisição de Adtalem.

– VIA VAREJO ON recuava 7,5%, após afirmar nesta sexta-feira que está avaliando a possibilidade de lançamento de uma oferta subsequente primária de ações, mas que não há nesta data decisão quanto ao lançamento, bem como de seus eventuais termos. O setor como um todo recuava, com B2W ON, que divulgou balanço na véspera, em baixa de 2,6%.

– QUALICORP ON perdia 2,5%, após reportar queda no lucro do primeiro trimestre, em resultado pressionado por despesas extraordinárias, incluindo um pagamento de 42 milhões de reais ligada à rescisão de um executivo.

– NATURA & CO ON cedia 2,2%, tendo no radar balanço do primeiro trimestre, com prejuízo líquido de 820,8 milhões de reais, mas também anúncio de que o conselho de administração aprovou aumento de capital de até 2 bilhões de reais a 32 reais por ação. A fabricante de cosméticos disse nesta sexta-feira ver alguma recuperação na Ásia e Europa com reabertura gradual, enquanto a América Latina ainda sofre.

Por: Por Paula Arend Laier / SÃO PAULO (Reuters)