A filha da vereadora do Psol Marielle Franco, Luyara Santos, tatuou na pele o rosto da mãe, que foi assassinada a tiros no Centro do Rio. A arte foi feita no braço esquerdo da estudante de 19 anos nesta segunda-feira (27).
“Marcada na minha memória, no meu coração, na minha vida e agora na minha pele”, registrou Luyara ao compartilhar a foto da tatuagem em uma rede social.
Em cerca de 10 horas a publicação de Luyara teve mais de 1,4 mil interações. A maioria de seus seguidores elogiaram a homenagem feita pela estudante à mãe e enfatizaram que a memória da parlamentar não será esquecida.
A tatuagem foi feita pelo tatuador Magrão Kovok, que também compartilhou a imagem em sua rede social. “Tattoo feita na minha nova amiga Luy Franco, filha de Marielle Franco. Marielle de todas as cores. Uma honra”, registrou o artista ao também compartilhar a imagem da tatuagem na rede social.
O tatuador contou que foi ele quem criou a arte sobre o rosto de Marielle. As cores e traços têm referências claras ao trabalho do artista plástico Romero Brito.
Tanto Luyara quanto Magrão usaram a rashtag #mariellepresente ao compartilharem a imagem. Usada como se fosse um grito desde o assassinato da vereadora, no dia 14 de março, o termo já tem mais de 27 mil registros somente no Instagram.
Investigação sob sigilo
Nesta quarta-feira completam duas semanas desde a vereadora Marielle Franco e seu motorista Anderson Gomes foram assassinados no bairro do Estácio, Região Central do Rio. Nenhum suspeito do crime foi apontado pela polícia até então.
Nesta segunda-feira (26), mais três pessoas ligadas ao gabinete da vereadora foram ouvidas pela Polícia Civil.
A investigação continua com a Divisião de Homicídios, que mantém absoluto sigilo sobre a apuração. O nome das pessoas e o conteúdo dos depoimentos não foram divulgados.
Também nesta segunda, tomou posse da vaga de Marielle o suplente dela na Câmara dos Vereadores, João Batista Oliveira de Araújo, o Babá (PSOL). A posse ocorreu a portas fechadas no gabinete da presidência da Câmara dos Vereadores. O ato estava marcado para o meio-dia e não pôde ser acompanhado por jornalistas e nem mesmo assessores do Palácio Pedro Ernesto.
Marielle foi morta a tiros dentro de um carro na Rua Joaquim Palhares, no Estácio, por volta das 21h30 desta quarta-feira (14). Além da vereadora, o motorista do veículo, Anderson Pedro Gomes, também foi baleado e morreu. Uma outra passageira, assessora de Marielle, foi atingida por estilhaços. A principal linha de investigação da Delegacia de Homicídios é execução.
Bandidos em um carro emparelharam ao lado do veículo onde estava a vereadora e dispararam. Marielle foi atingida com pelo menos quatro tiros na cabeça. A perícia encontrou nove cápsulas de tiros no local. Os criminosos fugiram sem levar nada.
Caso ‘alarmante’
Um grupo de relatores de Direitos Humanos das Nações Unidas (ONU) classificou nesta segunda-feira (26) de “muito alarmante” o assassinato da vereadora Marielle Franco. Em comunicado, os eles também disseram que a morte teve o objetivo “de intimidar todos aqueles que lutam pelos Direitos Humanos” no Brasil.
“Sua morte é alarmante já que claramente visa intimidar todos aqueles que lutam pelos direitos humanos e pelo Estado de Direito no Brasil”, dizem os especialistas.
“Pedimos às autoridades brasileiras que usem esse momento trágico para rever completamente suas escolhas na promoção da segurança pública e, particularmente, para intensificar substancialmente a proteção dos defensores dos direitos humanos”, acrescentam.
O comunicado dos relatores da ONU destaca que a ativista era “mulher e negra e uma preeminente defensora de direitos humanos” e que foi assassinada precisamente quando voltava de um evento intitulado “Jovens Negras Movendo as Estruturas”.
O texto lembra que Marielle era membro da comissão que iria verificar a intervenção das Forças Armadas no Rio de Janeiro, e que poucos dias antes de sua morte, a vereadora fez denúncias sobre o abuso policial em Acari.
Fonte: G1