Em meio à crise gerada na Petrobras e o quinto aumento consecutivo dos combustíveis nas refinarias em 2021, o preço médio da gasolina rompeu a barreira dos R$ 5, enquanto o valor do diesel ultrapassou os R$ 4. As informações constam em levantamento exclusivo feito pela ValeCard, empresa especializada em soluções de meios de pagamentos e gestão de frotas.
O preço médio da gasolina comum no Brasil subiu 6,57% em fevereiro na comparação com o mês anterior. Já o diesel aumentou 6,16% no período. Nesta terça-feira (2), o valor dos dois combustíveis foi reajustado em mais 5% nas refinarias.
Amazonas, Paraná e DF lideram alta da gasolina
Com o maior percentual de alta desde o começo da curva ascendente iniciada em maio de 2020 – no total, já são nove meses de elevação consecutiva –, o preço médio do litro da gasolina no país passou pela primeira vez a barreira dos R$ 5, chegando R$ 5,162.
Em fevereiro, conforme a ValeCard, as maiores altas do preço foram registradas no Amazonas (7,81%), no Paraná (7,65%) e no Distrito Federal (7,93%). Por outro lado, Paraíba (4,84%) e Alagoas (5,23%) foram os Estados onde ocorreram as menores variações no valor do combustível no período.
Obtidos por meio do registro das transações realizadas entre os dias 1º e 27 de fevereiro com o cartão de abastecimento da ValeCard em cerca de 20 mil estabelecimentos credenciados, os dados mostram que Rio Branco tem o preço mais alto entre as capitais, e Curitiba, o mais baixo.
Fonte: ValeCard
Gasolina – Preço médio por Estado (R$) | ||||
Estado |
Fevereiro | Janeiro | Variação (R$) | Variação (Percentual) |
AC | 5,602 | 5,269 | 0,3331 | 6,32% |
AL | 5,347 | 5,081 | 0,2660 | 5,23% |
AM | 5,016 | 4,653 | 0,3632 | 7,81% |
AP | 4,880 | 4,575 | 0,3050 | 6,67% |
BA | 5,117 | 4,780 | 0,3366 | 7,04% |
CE | 5,199 | 4,885 | 0,3134 | 6,41% |
DF | 5,195 | 4,827 | 0,3683 | 7,63% |
ES | 5,197 | 4,843 | 0,3544 | 7,32% |
GO | 5,157 | 4,884 | 0,2728 | 5,59% |
MA | 5,193 | 4,830 | 0,3625 | 7,50% |
MG | 5,267 | 4,945 | 0,3226 | 6,52% |
MS | 5,163 | 4,817 | 0,3459 | 7,18% |
MT | 5,148 | 4,872 | 0,2756 | 5,66% |
PA | 5,327 | 5,030 | 0,2967 | 5,90% |
PB | 5,005 | 4,774 | 0,2311 | 4,84% |
PE | 5,137 | 4,820 | 0,3176 | 6,59% |
PI | 5,199 | 4,864 | 0,3351 | 6,89% |
PR | 4,847 | 4,503 | 0,3444 | 7,65% |
RJ | 5,465 | 5,152 | 0,3130 | 6,07% |
RN | 5,285 | 4,955 | 0,3299 | 6,66% |
RO | 5,255 | 4,947 | 0,3086 | 6,24% |
RR | 4,874 | 4,599 | 0,2747 | 5,97% |
RS | 5,125 | 4,817 | 0,3081 | 6,40% |
SC | 4,796 | 4,461 | 0,3354 | 7,52% |
SE | 5,215 | 4,910 | 0,3046 | 6,20% |
SP | 4,761 | 4,461 | 0,2999 | 6,72% |
TO | 5,326 | 5,000 | 0,3260 | 6,52% |
Total Geral | 5,162 | 4,844 | 0,3181 | 6,57% |
Fonte: ValeCard
As capitais do Paraná (R$ 4,726) e de São Paulo (R$ 4,762) foram as que apresentam preços menores em fevereiro. Já Rio Branco, no Acre, foi a capital com maior preço médio (R$ 5,459), seguida do Rio de Janeiro (R$ 5,454).
Preço da gasolina | |
Cidade | Valor médio (R$) |
Aracaju | 5,234 |
Belém | 5,352 |
Belo Horizonte | 5,157 |
Boa Vista | 4,903 |
Brasília | 5,196 |
Campo Grande | 5,111 |
Cuiabá | 4,873 |
Curitiba | 4,726 |
Florianópolis | 4,873 |
Fortaleza | 5,129 |
Goiânia | 5,018 |
João Pessoa | 4,892 |
Macapá | 4,888 |
Maceió | 5,266 |
Manaus | 4,952 |
Natal | 5,229 |
Palmas | 5,318 |
Porto Alegre | 5,061 |
Porto Velho | 5,126 |
Recife | 5,072 |
Rio Branco | 5,459 |
Rio de Janeiro | 5,454 |
Salvador | 5,014 |
São Luís | 5,144 |
São Paulo | 4,762 |
Teresina | 5,138 |
Vitória | 4,943 |
Geral | 5,126 |
Fonte: ValeCard
Preço médio do diesel no País chega a R$ 4,032
O preço do diesel, que também foi reajustado em 5% nas refinarias nesta terça-feira (2), subiu 6,16% em fevereiro na comparação com janeiro. O valor médio do combustível no segundo mês do ano foi de R$ 4,032 – no mês anterior, era de R$ 3,799.
As maiores altas no período foram registradas no Espírito Santo (8,84%) e no Paraná (7,4%). Já as menores variações ocorreram no Amapá (2,16%) e Roraima (2,58%).
Alta do dólar repercute nos combustíveis
O gerente da filial de São Paulo da ValeCard, Leandro Ferraz, explica que os preços do combustível no País estão atrelados ao preço mundial do petróleo e ao valor do dólar, o que explica os sucessivos aumentos registrados recentemente. “Em 2020, tivemos uma redução no preço do combustível, porque caiu a procura por conta da pandemia. Mas agora o petróleo voltou a subir, e a Petrobras repassa esse valor para o consumidor “, analisa Ferraz. “Outro fator que afeta diretamente é a variação do valor do dólar. Importamos combustível e fazemos o pagamento em dólar. Com a desvalorização do real, estamos pagando mais caro.”
Já o economista e sócio da Acqua Investimentos Musa, alerta que o risco fiscal brasileiro, com o nível de endividamento se aproximando de 95% em relação ao PIB, também contribui, de forma indireta, para a desvalorização do real frente ao dólar e, como consequência, o constante aumento no preço dos combustíveis no País. “O importante é nós fazermos nossa lição de casa, de arrumar o nosso quadro fiscal. Caso contrário, o preço vai continuar subindo, não só por uma questão da gasolina em si, mas sim do câmbio defasado por questões macroeconômicas brasileiras, com fundamentos completamente deteriorados, que vão continuar puxando o preço para cima, além de um ciclo de commodities que faz o preço subir naturalmente.”