A partir de imagens inéditas gravadas 1969 e mais de 150 horas de áudio, a Disney lança em 25 de novembro o 1º de 3 episódios, da série documental “Get Back”, que conta a história dos Beatles.
Em 13 de outubro, a Walt Disney Studios lançou o trailer oficial dublado da série. Assista (3min57s):
A série é um compilado das mais de 57 horas de imagens gravadas por 21 dias, com direção de Michael Lindsay-Hogg, em 1969. Lindsay foi pioneiro na produção de filmes musicais, com filmes para o Rolling Stones e o documentário “Let it Be”, sobre os Beatles. Em “Let it Be”, pouco do material captado foi usado. As imagens ficaram guardadas por mais de meio século, até que foram vendidas para a Disney. Consultada pelo Poder360, a assessoria da Disney Brasil informou que os valores do negócio são confidenciais.
O material com mais de 150 horas de áudio inédito foi restaurado e agora faz parte da série documental original da Walt Disney Studios. Os 3 episódios da obra serão lançados nos dias do feriado de Ações de Graças dos Estados Unidos: 25, 26 e 27 de novembro de 2021. A produção terá pouco mais de seis horas no total.
O streaming na pandemia
A série documental dos Beatles, produzida pela The Walt Disney Studios em associação com a Apple Corps LTD. e WingNut Films Productions Ltd. vem com a expectativa de atingir um novo público e convencer que a plataforma não é apenas para os fãs de animais e séries infanto-juvenis.
A Disney+ somou pouco mais de 2 milhões de assinantes no 4º trimestre encerrado em 2 de outubro, disse a empresa, aumentando o total para 118,1 milhões. Porém, a expectativa dos analistas era que o resultado deste trimestre fosse de 125,3 milhões, já que no anterior a plataforma somou mais de 12 milhões de assinantes novos.
Bob Chapek, presidente-executivo da Disney, informou que a empresa gerencia a relação com o consumidor “para longo prazo, não trimestre a trimestre”.
Portanto, ainda há a meta de atingir 230 milhões de assinantes na Disney+ até o final do ano fiscal de 2024, disse ele.A queda do serviço de streaming e o crescimento de 99% na receita do parque temático é notável no balanço patrimonial da empresa, no 4º trimestre.
Mesmo com a pandemia, o avanço da vacinação deu fim às restrições em alguns países. O que justifica o aumento da receita dos parques e a diminuição no número de assinantes no streaming.
O crescimento na mídia da empresa veio pela receita de publicidade ligada à volta dos esportes ao vivo. Chapek diz que a equipe executiva tem como alvo diferentes grupos demográficos, mas o foco são crianças de 3 a 5 anos.
Apesar disso, Bob Chapek diz reconhecer a importância da estratégia de oferecer e explorar conteúdos para adultos, em entrevista à Forbes.
A empresa já se mobiliza para atrair o público adulto. O lançamento da Star+, serviço de streaming exclusivo para a América Latina, comprova isso.
“Existe no mercado um conteúdo muito bem-sucedido para audiências adultas. A Star+ será a casa destes tipos de histórias”, explicou Hernán Estrada, general manager da Disney Brasil.
O serviço de streaming tem como objetivo disponibilizar o catálogo do Hulu, plataforma disponível apenas nos Estados Unidos, e os conteúdos da grade da ESPN. Diego Lerner, presidente da Disney na América Latina, conta que a chegada do serviço visa complementar a Disney+ consolidando a presença da companhia no mercado latino-americano.
Aposta para novo público
O lançamento de “Get Back” não é o 1º documentário musical da Disney. Em agosto foi lançado o filme original “Happier Than Ever: Uma Carta de Amor para Los Angeles” com o show da cantora Billie Eilish, dirigido pelo animador Patrick Osborne e o cineasta Robert Rodriguez.
A produção, chamada de experiência musical, é uma homenagem à cidade natal da cantora, Los Angeles, na Califórnia. O show live-action é intercalado com animações, Billie se transforma em desenho animado e viaja pela cidade. Fazendo referência ao filme “Uma cilada para Roger Rabbit”, de 1988.
A gravação da performance do último lançamento da cantora, o álbum “Happier than ever”, foi no palco do anfiteatro Hollywood Bowl, em Los Angeles. A apresentação conta com a participação do compositor Finneas O’Connell, irmão de Billie, da Orquestra Filarmônica de Los Angeles, o guitarrista brasileiro Romero Lubambo e o coral Los Angeles Children’s Chorus.
De “Let it Be” para “Get Back”
As imagens coletadas por Michael Lindsay foram gravadas em janeiro de 1969 para o documentário “Let it Be” de 1970. Dirigido por Peter Jackson, cineasta que adaptou e dirigiu a trilogia “O Senhor dos Anéis”, em que ganhou 3 Oscar, incluindo 1 de melhor diretor. Peter é o 1º a ter acesso ao material histórico em 50 anos. O cineasta analisou, restaurou e editou as imagens e os áudios.
“Estou imerso neste projeto há quase 3 anos e muito animado que o público em todo o mundo finalmente será capaz de vê-lo”, contou o produtor à revista on-line DEADLINE.
Apesar da boa conservação do material, as imagens já não apresentavam as cores originais. Peter Jackson informou que restaurou o material com o mesmo recurso que utilizou em seu documentário “They Shal Not Grow Old”, de 2018, para recuperar imagens de mais de 100 anos da 1ª Guerra Mundial.
“Não tentamos deixar mais vívida as cores primárias ou algo assim. Não fizemos nenhum truque do tipo. Equilibramos os tons de pele e as cores. Isso me deixou com muito ciúme dos anos 1960, porque as roupas eram fantásticas”, detalhou.
As gravações retratam desde versões de músicas que não entraram no álbum até a íntegra de 42 minutos do último show ao vivo do grupo, a apresentação surpresa no teto da gravadora Apple, em Londres, em 30 de janeiro de 1969.
Apenas 20 minutos deste show foram divulgados para o público, a produção da Disney explora os materiais que ficaram de fora do documentário de Lindsay.
A reportagem foi produzida pela estagiária em Jornalismo Gabriela Amorim sob supervisão da editora Anna Rangel- Poder 360