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Num dia, Elon Musk anuncia que sua empresa, a Tesla, comprou US$ 1,5 bilhão em Bitcoin (BTC). No outro, a Mastercard decide integrar criptomoedas à sua rede de pagamentos. Depois, o banco BNY Mellon divulga a criação de uma área totalmente dedicada aos ativos digitais.

Tudo isso em questão de uma semana, ao longo de fevereiro. A cotação do Bitcoin ultrapassou US$ 50 mil pela primeira vez na história, aproximando-se dos US$ 58 mil. Dez dias depois, após uma queda, estava de volta à casa dos US$ 45 mil.

Criptoativos eram vistos como um nicho de aventureiros interessados em ganhar dinheiro em pouco tempo, o que costuma ser a receita para se dar mal.

Isso está mudando. Recentemente, diante da demanda dos clientes, mais consultores e assessores de investimento passaram a incluir Bitcoin e outras moedas digitais no rol de investimentos alternativos recomendados aos clientes com horizonte de longo prazo. Por quê? A razão principal é a necessidade de diversificação.

Sem correlação com outros investimentos

O movimento em direção aos criptoativos não é isolado. “De um ano para cá, com os juros baixos, cresceu o interesse por investimentos não tradicionais, como fundos internacionais e de private equity ou metais, como prata e ouro”, diz Rodrigo Marcatti, sócio da Veedha Investimentos.

“Quando todos já tinham avançado muito, os investidores se voltaram para as criptomoedas, com a visão de que, se a aversão a risco subisse, elas poderiam ser opções de investimentos descorrelacionadas das suas carteiras”, explica.

Ao contrário dos ativos correlacionados, que tendem a responder com movimentos semelhantes aos mesmos eventos, os descorrelacionados valorizam ou desvalorizam independentemente uns dos outros. Esse conceito está na base da clássica recomendação de diversificação dos investimentos como forma de reduzir o risco da carteira.

Por isso, especialistas defendem investir em criptomoedas como uma forma de aumentar a diversificação de uma carteira, sem acrescentar risco desproporcional a ela. “Esses ativos reagem principalmente aos eventos relativos ao universo cripto, como notícias sobre a regulamentação do mercado ou a ampliação do seu nível aceitação”, diz João Marco Braga da Cunha, gestor de portfólio da Hashdex, gestora especializada em criptoativos. “A correlação com ativos tradicionais é baixa, o que abre espaço para acrescentá-los à carteira”.

Regra de bolso

Para quem está começando a entender sobre o assunto, o próprio diretor-executivo da Associação Brasileira de Criptoeconomia (ABCripto), Rodrigo Monteiro, sugere uma exposição limitada a criptoativos. “Particularmente, penso que esses investimentos deveriam representar no máximo 5% da carteira, como os derivativos”, diz.

Uma regra de bolso para Tota, do Mercado Bitcoin, é tomar como referência o retorno da renda fixa para estabelecer o valor a aplicar em criptomoedas.

“Nos investimentos de renda fixa, na melhor das hipóteses, o investidor conseguiria um retorno de 2% ao ano”, dado o patamar de juros atual, diz Tota. A sugestão é separar uma fatia equivalente para os ativos digitais.

“Sugiro destinar algo como 2% da carteira para as criptomoedas”, diz. “Na pior das hipóteses, o investidor perderia uma boa parte disso, mas conseguiria recuperar o valor em um ano com uma aplicação de renda fixa conservadora”.

Como investir

Existem maneiras diferentes de investir em criptomoedas, como mostrou reportagem do InfoMoney. Um jeito simples é por meio de fundos. Desde 2018, fundos brasileiros estão autorizados pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) a fazer investimentos indiretos em criptomoedas no exterior – comprando derivativos ou cotas de outros fundos, por exemplo.

As carteiras são distribuídas por corretoras e plataformas de investimento, e frequentemente é possível acessá-los com valores pequenos – de até R$ 5.000.

Como são administrados por gestores especializados, os fundos podem ser uma boa opção para quem quer se expor ao mercado de criptomoedas, mas não se sente seguro para fazer isso sozinho.

Também é possível investir em Bitcoins e outros ativos digitais diretamente, por meio de uma corretora ou plataforma especializada. Existem algumas casas no Brasil – conhecidas como exchanges – que oferecem esse tipo de serviço.

*Com informações do InfoMoney