Otimistas com o cenário econômico pós-eleições e com a chegada do fim de ano, o empresariado dos setores de comércio e serviços têm planos para reforçar seus investimentos. É o que revela dados da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil). De acordo com o levantamento, quatro em cada dez (39%) empresários disseram que pretendem investir nos próximos três meses. Este é o maior valor da série histórica, desde maio de 2015, quando esse percentual era de 30%.
Por outro lado, 44% não preveem investimentos para seus negócios — menor índice registrado até o momento. Entre estes empresários, 46% afirmaram não ver necessidade e 24% entendem que o país ainda não se recuperou da crise. Outros 16% alegam que já investiram recentemente e 15% mencionam falta de recursos.
Mesmo com o crescimento observado entre os resultados de outubro e novembro, o percentual dos que não pretendem investir supera o dos que planejam fazê-lo, o que mostra cautela de uma parcela significativa dos micro e pequenos empresários que continuam sentindo os reflexos remanescentes da recessão econômica de 2017. Em uma escala de zero a 100, o Indicador de Propensão a Investir registrou 46,8 pontos em novembro, 12% acima do mês anterior. Pela metodologia, quanto mais próximo de 100, maior a propensão para o investimento. Quanto mais próximo de zero, menor a propensão.
Na avaliação do presidente da CNDL, José César da Costa, a volta do apetite por novos investimentos por parte dos micro e pequenos empresários representa um bom sinal, apesar de outra boa parte aguardar um cenário econômico mais definido. “Os empresários esperam maior previsibilidade em relação aos rumos do país e um quadro de menor risco para que possam tirar do papel seus projetos”, avalia o presidente da CNDL.
De olho na proximidade do fim de ano, 50% dos empresários que têm intenção de investir planejam aumentar suas vendas. Já 26% destinarão recursos para atender ao aumento da demanda em seus estabelecimentos. Dados do indicador mostram que a principal finalidade dos investimentos de quem pensa em vender mais é ampliar os estoques (32%).
Além desses, 25% pretendem reformar a própria empresa; 22% comprar equipamentos e maquinário; 13% usar os recursos em mídia e propaganda; e 12% expandir o portfólio de produtos e serviços. A sondagem revela ainda que a maior parte dos que pretendem investir irá recorrer a capital próprio, seja na forma de aplicações financeiras (49%) ou da venda de algum bem (13%). O motivo do uso de capital próprio está ligado ao juro elevado, mencionado por 51%. Outros 20% devem recorrer a empréstimos.
Crédito
Em novembro, o Indicador de Demanda por Crédito também apresentou aumento na comparação com o mês anterior. Na escala, que varia de zero a 100, o indicador passou de 21,4 para 26,0 pontos, apesar de ainda apresentar baixo interesse dos MPEs na tomada de crédito nos próximos três meses. Quanto mais próximo de 100, maior o apetite; quanto mais distante, menor é o apetite.
Na comparação com o mês de outubro, houve uma alta de 21% na intenção de contratar crédito. Em termos percentuais, 17% dos MPEs pretendem tomar alguma modalidade de crédito nos próximos três meses, ante 10% em outubro. Já 14% não sabem ainda se contratarão e 69% não devem buscar crédito. A principal razão apontada pela maioria que não planeja contrair crédito foi o fato de conseguir manter os negócios com recursos próprios (59%). Outro aspecto é a percepção de que os juros são muito altos (29%), além da insegurança com relação ao cenário econômico (15%).
“As altas taxas de juros, que ainda seguem elevadas apesar das quedas recentes, acabam inibindo a tomada de crédito por boa parte do empresariado. Além disso, há o fator confiança. Embora exista um maior clima de otimismo em relação ao cenário atual, o quadro dificuldades econômicas persiste para muitas empresas”, destaca o presidente do SPC Brasil, Roque Pellizzaro Junior.
O Indicador também mostra que apesar do aumento na intenção de tomar crédito, o percentual dos que acham o processo de contratação difícil permanece elevado (36%). Desse total, 59% justificam que o excesso de burocracia é o maior entrave e 46% atribuem aos juros elevados. Os créditos mais difíceis de serem contratados, segundo observou a sondagem, são empréstimos (32%) e financiamentos (21%) em instituições financeiras.
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