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Classe artística e política repercute entrevista de secretária da Cultura

A entrevista da secretária de Cultura Regina Duarte à CNN ainda está repercutindo nas redes sociais e no ambiente político. A liderança do PSol protocolou, na noite desta quinta-feira (7), requerimento convocando, de forma virtual, a secretária para prestar esclarecimentos ao plenário da Câmara sobre seu posicionamento de enaltecer a ditadura militar.

No curto espaço de 20 minutos, ela declarou que ficou em silêncio sobre as mortes de Rubem Fonseca, Luiz Alfredo Garcia-Roza, Moraes Moreira, Flávio Migliaccio e Aldir Blanc porque não queria virar um “obituárioâ€. Também afirmou que “tortura sempre existiuâ€.

O ponto alto da entrevista, classificado nas redes sociais como “ataque de estrelismo”, foi o momento em que a emissora apresentou um vídeo da atriz Maitê Proença em que ela fazia apelos da secretária à classe artística. Regina ficou furiosa, disse que não iria ouvir, e passou a atacar a imprensa. “Quem é você para desenterrar isso? Quem é você para falar assim?â€, repetia, ao vivo, para constrangimento de todos.

A líder do partido, Fernanda Melchiona garantiu que a classe artística foi uma das mais afetadas nesse período de pandemia e que a secretária “simplesmente desapareceu no meio da crise” e reapareceu agora para reafirmar compromisso com o regime militar. “Não restam dúvidas de que não possuem qualquer apreço pela democracia. São comportamentos reiterados e permanentes de afronta à Constituição Federal e aos Tratados Internacionais de Direitos Humanos assinados pelo Brasil, como mais esse episódio protagonizado pela Secretária”, disse.

“A secretária deveria trabalhar para garantir renda e dignidade aos artistas. Em vez disso, Regina Duarte defende a ditadura militar em plena rede televisiva (…)  Por todo o exposto, em defesa do Estado Democrático de Direito e da Cultura brasileira, é urgente que a Secretária especial de Cultura preste os esclarecimentos necessários perante a Câmara dos Deputados”, complementa Fernanda no requerimento.

O OUTRO LADO

A atriz Maitê Proença comentou o episódio e o fato da secretária não lhe dar a oportunidade de expor o seu ponto de vista. “Como a Regina foi ontem conversar com o presidente, a CNN me ligou e eu topei falar. Achei que estava na hora de fazer alguma coisa como classe. Eu acho que ela (Regina) não quis ouvir. Ela presumiu que era uma coisa do passado, não era. Eu estou absolutamente viva. A cultura está perplexa com esse silêncio abissal em relação à política pelo setor, nós estamos vivendo de vaquinhas. Fomos os primeiros a parar e seremos os últimos a voltar, pois nosso trabalho pressupõe uma aglomeração. Nossos grandes estão morrendo, como Rubem Fonseca e Flávio Migliaccio, e ela e o presidente não dizem uma palavraâ€, declarou ela ao site da revista Veja.

Foto: ReproduçãoqCNN