Catalunha é independente, mas presidente regional espera diálogo

O presidente regional da Catalunha, Carles Puigdemont, declarou a região independente, mas logo em seguida pediu ao Parlamento que suspenda o processo para iniciar um diálogo em busca de um acordo com a Espanha.

“Assumo o mandato do povo para que a Catalunha se converta em um estado independente em forma de república. Mas peço que o Parlamento suspenda os efeitos da declaração por umas semanas para entrar em uma etapa de diálogo”, disse o líder catalão.

O anúncio ocorre nove dias depois de a maioria dos catalães terem votado pela independência da região, em um referendo reprimido pelo governo espanhol e considerado ilegal pela Justiça do país.

“Depois dos resultados [do referendo] de 1º de outubro, a Catalunha ganhou o respeito de ser um Estado independente. As urnas dizem “sim” para a independência e este é o caminho que estou disposto a transitar.”

Segundo Puigdemont, “há muitas propostas de mediação, algumas das quais seriam difíceis de imaginar até pouco tempo atrás”. “Apelo para a responsabilidade de todos. E peço ao governo espanhol que aceite a mediação.”

Ele também pediu que Madri se esforce para entender o que motiva a Catalunha e atacou o governo espanhol pela violência policial no dia da votação do referendo. “Não somos criminosos, nem loucos, golpistas. Somos pessoas normais que pedem para votar”, disse, pedindo que o governo espanhol respeite o referendo. “É a primeira vez que uma jornada eleitoral acontece entre ataques policiais contra aqueles que fazem fila para colocar seu voto na urna.”

Catalães foram perseguidos pelo governo espanhol, diz líder

Durante a fala, o presidente regional da Catalunha fez um histórico sobre a importância da região e afirmou que os catalães passaram a perseguidos na Espanha.

“Desde a morte de Franco, a Catalunha contribuiu massivamente com a consolidação da democracia espanhola. A Catalunha acreditava que a Constituição espanhola de 1978 seria um bom ponto de partida e se envolveu. Mas depois, percebemos que as autoridades espanholas viam isto como um objetivo final, mas para nós era uma transição. No ano de 2005, 88% deste Parlamento, seguindo procedimentos estabelecidos pela Constituição, aprovou uma proposta de Estatuto de Autonomia que resultou em uma grande campanha de ‘catalofobia’”, afirmou.

“Não temos nada contra os espanhóis. Mas a relação não funciona por muitos anos, e agora é insustentável. Nada foi feito para reverter a situação. A resposta do governo espanhol foi uma negativa radical e absoluta, combinada com a perseguição das instituições catalãs por pessoas que querem governar e dominar a Espanha a qualquer preço.”

Puidgemont atrasou seu discurso em uma hora. A sessão foi adiada para “contatos para a mediação internacional”, de acordo com o governo catalão. Logo depois, ele se reuniu com representantes das forças independentistas, a coalizão ‘Junts pel Sí'(‘Juntos pelo Sim’, em português, de republicanos de esquerda e nacionalistas de centro-direita) e a ‘Candidatura d’Unitat Popular’, (CUP, ‘Candidatura de Unidade Popular’, em português, um partido antissistema).

Apelo pelo diálogo

O governo da Espanha pediu na terça-feira para que Puigdemont refletisse sobre sua declaração. “Quero pedir ao senhor Puigdemont para que não faça nada irreversível, que não empreenda nenhum caminho que não tenha volta, que não faça nenhuma declaração unilateral de independência, que volte à legalidade, que volte ao diálogo no Parlamento da Catalunha”, disse o porta-voz do governo espanhol, Íñigo Mendez de Vigo.

Nos últimos dias, os pedidos para que o catalão abandonasse a declaração unilateral de independência aumentaram, tanto no âmbito político como no empresarial.

Em Bruxelas, o presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, apelou a Puidgemont para que respeitasse a ordem constitucional. Afirmando que “são tempos extraordinários para a Catalunha e toda a Espanha”, Tusk pediu a Puidgemont que “não anuncie uma decisão que torne o diálogo impossível”, referindo-se à necessidade de conversações entre Madri e Barcelona.

O referendo, considerado ilegal pela Justiça espanhola, deu vitória ao “sim” pela independência, com 90% dos votos. Porém, o comparecimento foi de apenas 43%.

Fonte: UOL


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