Carnaval 2018 fica em risco com interdição da Cidade do Samba

O superintendente em exercício do Ministério do Trabalho no Rio, Claudio Secchin, disse nesta segunda-feira que as 13 escolas do Grupo Especial só poderão retomar os trabalhos na Cidade do Samba após cumprirem uma série de medidas para garantir a segurança dos funcionários. Presidentes de agremiações dizem que a ação coloca em risco o carnaval carioca.

A entrega das notificações com a listagem de todas as exigências que cada escola terá que executar está marcada para hoje.

— Existem irregularidades na parte elétrica, no armazenamento de combustíveis, a segurança para o trabalho em altura e a proteção de maquinas e equipamentos. Tudo isso torna o ambiente muito precário para o seu funcionamento — comentou Secchin.

Ainda segundo o superintendente, cada escola tem a sua irregularidade para ser resolvida. Mas questões estruturais como a abertura de janelas, para melhorar a circulação de ar, por exemplo, será de responsabilidade da Prefeitura do Rio:

— Também vamos notificá-los, mas nesse caso as obras poderão ser feitas com um prazo maior. Agora, a questão do chão de fábrica fica a cargo das escolas. Com a contratação, inclusive, de técnicos de segurança do trabalho.

A decisão do Ministério do Trabalho contrariou o presidente da Unidos da Tijuca, Fernando Horta. Ele disse que o atraso no carnaval vai aumentar ainda mais os gastos das agremiações:

— Fomos pegos de surpresa. Estamos com o carnaval em risco. A gente espera que a Liesa chegue rapidamente em um acordo com o Ministério do Trabalho para que esses ajustes sejam feitos. Só não concordo que essas medidas sejam tomadas neste período do ano — afirmou.

Agremiações sem plano B

Para o diretor de carnaval da Beija-Flor de Nilópolis, Luís Fernando Carmo, o Laíla, a decisão de interromper os trabalhos das escolas está deixando o carnaval do ano que vem em perigo:

—Estamos todos aflitos, porque a crise econômica já fez com que a produção deste ano começasse a atrasar. Ainda estamos na parte da montagem das ferragens das alegorias e não temos “plano B”. Estamos aguardando a posição da nossa diretoria.

O presidente da São Clemente, Renato Almeida Gomes, o Renatinho, disse que tomou conhecimento de algumas das exigências feitas pelo Ministério do Trabalho como a questão da modernização da parte elétrica dos galpões e instalação de janelas e ralos.

— Temos que lembrar que a Cidade do Samba é uma propriedade da Prefeitura do Rio e que temos apenas a concessão do espaço, no período em que nos mantemos no Grupo Especial. Precisamos conversar bem. O que me preocupa mais é que temos 1.400 pessoas sem poder trabalhar e um carnaval inteiro para fazer — reclamou Renatinho.

A primeira visita feita pelos auditores fiscais na Cidade do Samba foi na última quarta-feira. Já na tarde de quinta, eles voltaram com as determinações para que todos os barracões suspendessem os trabalhos. A Liga Independente das Escolas de Samba do Rio de Janeiro (Liesa) diz não saber quais mudanças terão que ser feitas. E aguarda para receber, hoje, as especificações sobre os reparos que cada escola terá que fazer. A Prefeitura do Rio informou que só vai se pronunciar depois que for notificada pelo Ministério do Trabalho. Em agosto, um escultor de alegorias da escola de samba São Clemente morreu dentro do galpão da agremiação. Igor Sérgio da Silva de Farias, de 21 anos, não resistiu aos ferimentos depois de levar um choque. Na época, a escola informou que Igor trabalhava na construção de uma escultura de carro alegórico quando sofreu o acidente.

 

Foto: Guito Moreto

Fonte: Extra


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