Um levantamento da International Stress Management Association (Isma) mostra que o Brasil é o segundo país com mais casos de burnout. O número de casos supera países como Estados Unidos e Alemanha. O Brasil está atrás apenas do Japão, que tem 70% da população atingida pela doença.
Reconhecida como doença ocupacional desde 1º de janeiro de 2022 pela Organização Mundial da Saúde (OMS), a síndrome de burnout é um distúrbio emocional gerado pelo esgotamento físico e mental intenso, provocado por situações desgastantes, altamente estressantes, geradas no ambiente profissional ou pelas más condições em que o trabalho é exercido. A doença acomete 30% de 100 milhões de trabalhadores, de acordo com pesquisa da Associação Nacional de Medicina do Trabalho (Anamt).
“A síndrome de burnout pode evoluir para um quadro de depressão profunda e, se não tratada, levar ao suicídio”, alerta Veridiana Moreira Police, diretora jurídica da Associação Brasileira de Recursos Humanos Seccional São Paulo (ABRH-SP), em nota.
Na campanha Setembro Amarelo, mês de conscientização da prevenção do suicídio, é importante dar visibilidade às ações contra o estigma da doença e atentar para o problema. Police observa que é impossível não associar a doença à realidade do mundo do trabalho contemporâneo.
“Sem dúvida são novos tempos, com tecnologias avançando em um ritmo frenético, em que tudo é instantâneo e traz consigo um aumento exponencial de micro decisões que temos que tomar por minuto”, diz. “Tudo isso gera cansaço e desgaste, um esgotamento mental e físico que pode gerar efeitos deletérios na vida do trabalhador. Como dizem, podemos disputar uma maratona, mas não podemos viver em uma. Pausar é preciso”, completa.
O advogado Wolnei Ferreira, membro do Comitê RH de Apoio Legislativo (Corhale), destaca que a empresa deve estar sempre atenta à saúde de seus colaboradores. “Neste ponto, é importante observar se as jornadas de trabalho não estão se estendendo exageradamente, se as folgas e pausas vêm sendo regularmente concedidas, assim como os períodos de férias”, ressalta Ferreira.
Police também pontua a necessidade de ambientes laborais mais saudáveis, respeitosos e livres de qualquer forma de discriminação, violência, abuso e assédio. “Este mês de setembro é especialmente importante para que as organizações promovam momentos de descompressão, de escuta, de acolhida, de rodas de conversa, de práticas que possam colocar luz sobre a promoção da saúde mental no ambiente de trabalho, incluindo na pauta a síndrome de burnout”, destaca a diretora jurídica. “O acesso ao bem-estar é um direito humano, tanto que faz parte do ‘Objetivo de Desenvolvimento Sustentável nº 3’, Saúde e Bem-Estar, proposto para a Agenda 2030 pela Organização das Nações Unidas (ONU)”, afirma.
*Com informações Isto É Dinheiro