Se falamos da civilização ocidental, a Itália, desde o Império Romano, passando pelo Império Bizantino, Renascimento e em todas as suas épocas, tem feito grandes contribuições para a cultura e sociedade.
E isso é o que é magnificamente capturado por uma marca que tem sido uma carta de amor contínua para todas essas histórias: Dolce & Gabbana, liderada por Doménico Dolce e Stéfano Gabbana, que com sua exuberância e detalhismo, compilaram em várias temáticas, com a ajuda da curadora francesa Florence Müller, toda a história e homenagem aos detalhes únicos e transcendentes de seu país.
Isso, através da sofisticação, do barroquismo que choca muitos, mas que é um deleite para aqueles que amam a liberdade criativa, em bordados, em materiais como vidro, penas. Explorações que ficam aquém das palavras para descrever a beleza de sua linha de Alta Costura, que têm explorado em diferentes imaginários desde 2012.
Assim, ponto por ponto, sedas, cristais, drapeados, exercícios com materiais e volumes: tudo isso é detalhado claramente em espaços de luz construída e tênue, como costuma acontecer nas exposições de moda (isso, para também não afetar o registro e a integridade das peças) tem muito mais iluminação e definição para captar cada detalhe.
Assim, detalhes como vestidos tropicais feitos com penas, vestidos rococó que evocam Maria Antonieta, Veneza, Sicília e suas tranças, retirados de suas coleções de Alta Costura (também têm, é claro, na exposição, Alta Joalheria e Alta Costura), tranças e outras técnicas de alfaiataria, são capturados por um dispositivo que em seu design é um acessório de moda e que em condições de luz extrema tem uma tela com imagem nítida.
Desta forma, o assistente se deixa envolver nesse universo de cores vibrantes e exuberância e nos retratos icônicos de Anh Duong, que até pinta cenas de O Leopardo e da própria Sofia Loren. Mas a partir daí, tudo muda para os trabalhos com cristais que a marca, – desde 2012 desenfreada em sua criatividade – recriou.
Vestidos bordados com as técnicas mais finas da cristalaria veneziana, que tem suas origens na Idade Média. Sapatos de cristal. Quimonos. Vestidos translúcidos com detalhes de flores, estrelas, cristais de diferentes tamanhos, que dialogam com volumes prateados e peças de alta joalheria, que somente uma imagem pode capturar além do que o olho assimila.
E essas formas intrincadas se traduzem em uma encenação que em todas as 10 salas transmite essa magnificência: um vestido assimétrico de crinolina, apoteótico, com estampas de ‘O Leopardo’, aquele clássico de Luchino Visconti que falava sobre como essa classe nobre italiana se via em situações difíceis para se adaptar às mudanças sociais da Unificação (ocorrida em 1867).
Tudo, no meio de valsas, vestidos de luto vitorianos e diálogos com outro fascinante pilar do drama que faz parte da cultura italiana, ocidental e que a Dolce & Gabbana recriou magistralmente: o catolicismo e seu barroco, dominante por pelo menos quatro séculos, em preto e dourado, em luto e adoração, com capas, coroas, bordados e véus que evocam a majestosidade da estética religiosa.
Por Metro Jornal