Dos 3,2 milhões domicílios com grau de insegurança alimentar grave, ou seja, em situação de fome, 83.304 têm sete ou mais moradores, mostram os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua): Segurança Alimentar 2023, publicada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Esta edição da Pnad Contínua retrata a condição de segurança alimentar nos domicílios do país usando a Escala Brasileira de Insegurança Alimentar (Ebia).
Ao todo, há 78,3 milhões de domicílios particulares permanentes no Brasil. Destes, 56.689.200 (72,4%) apresentam situação de segurança alimentar, contra 21.610.800 com algum grau de insegurança alimentar (27,6%).
Observa-se os seguintes graus de privação de alimentos em 21 milhões de residências:
- Leve: 14.250.600 domicílios (18,2%)
- Moderada: 4.149.900 domicílios (5,3%)
- Grave: 3.210.300 domicílios (4,1%)
A fome nos domicílios brasileiros
Entre as residências com grau de insegurança alimentar grave, 2.338.920 têm até três moradores; 778.572 têm de quatro a seis moradores; e 83.304 têm sete ou mais moradores.
A Pnad Contínua Segurança Alimentar ainda mostra que os domicílios localizados na área rural apresentam a maior proporção de fome do país, com 5,5% (520.000) — esse número corresponde a 1,6 ponto percentual acima da área urbana, de 3,9% (2.684.000).
As regiões Norte e Nordeste apresentam as menores proporções de domicílios em segurança alimentar, 60,3% e 61,2%, respectivamente. Isso representa 3,6 milhões de residências no Norte e 12,7 milhões no Nordeste.
Por outro lado, as outras regiões tiveram mais da metade dos domicílios em situação de segurança alimentar. O Sul é a região com maior número, com 9,7 milhões (83,4%). Na sequência vem o Sudeste (77%) e o Centro-Oeste (75,7%).
Cerca de ¼ dos domicílios das Regiões Norte (23,7%) e Nordeste (23,9%) têm proporção de insegurança alimentar leve. Os índices de insegurança alimentar moderada e grave também são maiores no Norte e Nordeste.
Norte (7,7%), Nordeste (6,2%) e Centro-Oeste (3,6%) são as áreas com maiores percentuais de domicílios com insegurança alimentar grave. Enquanto, a fome estava presente em menos de 5% das residências do Sudeste (2,9%) e Sul (2%).
Desta forma, os dados da Pnad Contínua 2023 alertam para a continuidade das desigualdades regionais de acesso aos alimentos verificadas em edições anteriores da pesquisa (veja abaixo).
O texto ainda destaca que “o cenário de concentração da insegurança alimentar continua nessas regiões”.
As residências onde moram crianças e adolescentes têm maior vulnerabilidade à restrição alimentar. A pesquisa mostra que mais de 570 mil (4,5%) crianças de 0 a 4 anos e cerca de 1,765 milhão (4,9%) de crianças e adolescentes de 5 a 17 anos passam fome no Brasil.
No recorte etário, essa proporção é de 2,8% na população com 65 anos ou mais.
Cor/Raça
No Brasil, a população negra (pardos e pretos) corresponde ao maior percentual de moradores em domicílios em situação de fome, com 74,6%. Ao todo, esse número é três vezes maior do que a proporção para moradores brancos (23,4%).
Enquanto, quase metade das residências com segurança alimentar são habitadas por pessoas brancas (46,9%), contra 41% de moradores pardos e 10,7% de moradores autodeclarados pretos.
Insegurança alimentar leve
– 52,7% parda
– 31,4% branca
– 14,7% preta
Insegurança alimentar moderada
– 57,6% parda
– 25% branca
– 16,3% preta
Insegurança alimentar grave
– 58,1% parda
– 23,4% branca