Prefeito atribui colapso em Araraquara a nova cepa e alerta para risco nacional

O prefeito de Araraquara (SP), Edinho Silva (PT), vê riscos de faltar oxigênio e médicos nas cidades atingidas pela nova cepa do coronavírus.

“A situação é grave, é o prenúncio de algo muito ruim. Outras regiões estão sentindo a doença crescendo de forma vertiginosa”, disse o prefeito à CNN Brasil.

A cidade já conseguiu autorização do Estado para abrir novos leitos nos hospitais, mas, segundo Edinho, está difícil compor equipes médicas completas para atender todos os pacientes. “Está muito difícil ampliar leitos por 2 motivos: falta de equipe médica e produção de oxigênio”, disse.

O prefeito sugeriu que outras cidades também busquem ampliar a infraestrutura local de produção de oxigênio. Edinho explicou que os pacientes infectados pela nova cepa demandam maior quantidade de oxigênio, e que a cidade ampliou a oferta com uma usina de produção de oxigênio para o hospital de campanha.

Mas, segundo ele, outra usina seria necessária para atender a todos.

“Não falta oxigênio [em Araraquara], pois estamos sendo extremamente responsáveis e estamos acoplando os cilindros, mas o cilindro muda a pressão, tem que trocar, por isso é que é essencial a usina”, afirmou.

Embora Araraquara tenha sido, em 2020, uma das cidades brasileiras com menor letalidade por covid-19 entre municípios com mais de 100 mil habitantes, a área de saúde começou a notar, na 2ª quinzena de janeiro, uma mudança no ritmo das contaminações e agravamento da situação dos pacientes internados.

Com mais pacientes do que leitos disponíveis, o sistema de saúde local foi ao colapso. Por isso, o município aumentou as restrições ao comércio e deslocamentos.

“A situação é: ou façamos com que a curva de contaminação caia ou não teremos como colocar nos hospitais todos os doentes“, afirmou o prefeito.

Edinho disse que notificou o governo do Estado e o Ministério da Saúde sobre a situação na cidade e pediu vacinação em massa. “Mas isso tem que ser pactuado com o governo federal e o estadual“.

Segundo ele, seria necessário vacinar em larga escala a população das cidades atingidas pela nova cepa. “É uma demanda, inclusive do ponto de vista científico… Até para sabermos a eficiência das vacinas contra a cepa de Manaus”, afirmou.

“Reivindicamos as vacinas e precisamos dos leitos para enfrentar a covid. Os municípios não vão suportar o aumento da doença e da nova característica da doença. Por isso a habilitação de leitos pelo governo federal também é fundamental”, explicou.

“É nas cidades que as pessoas estão ficando doentes. Araraquara não é um ponto fora da curva. Esse será o cenário nacional e é para isso que devemos estar atentos para evitar o colapso do sistema de saúde.”

Nesta 2ª feira (22.fev.2021), Araraquara entrou em “lockdown” total por 60 horas. Bancos, fábricas, supermercados, postos de combustíveis e todo comércio, além dos serviços públicos não essenciais, deverão ser fechados. Carros e ônibus do transporte público não poderão circular.

*Com informações do Poder360