A pandemia do coronavírus acertou em cheio as companhias do mundo todo, e mesmo as gigantes americanas não conseguiram escapar de ver seus resultados caírem no segundo trimestre deste ano por conta da crise. Apesar disso, analistas, em geral, viram como positivos os números divulgados pelas companhias.
Esta visão se dá mesmo diante de uma queda de 9,8% das receitas e de 7,4% dos lucros das empresas dos Estados Unidos. Isso porque mesmo com o recuo, os resultados ficaram, em geral, bem acima do que esperavam os especialistas, cujas projeções apontavam para recuos de 11,5% e 33% na receita e lucro, respectivamente.
Em relatório, Guilherme Giserman, estrategista internacional da XP Investimentos, ressalta que, com este desempenho melhor que o esperado, 5 em cada 6 empresas americanas superaram as estimativas de lucros, que ficaram 22% maiores que o esperado.
Na sequência, Giserman destaca também as empresas de saúde e comunicação (em que está incluído o Facebook) como os melhores setores do trimestre. Já do lado negativo, as companhias petrolíferas viram seus lucros desabarem 55%, enquanto o setor de bens de consumo e materiais teve recuo de 20% no faturamento.
Dentro do grupo FAAMGs (que é diferente do FAANG, trocando Netflix por Microsoft), o Facebook não sofreu grande impacto do boicote às propagandas de mais de 1.000 marcas em sua plataforma e registrou receitas 11% acima do esperado. Para o futuro, o estrategista da XP destaca que a empresa de Mark Zuckerberg está “na vanguarda do desenvolvimento do ecossistema de comércio eletrônico e segue com investimentos agressivos em inovação, acelerando a migração para plataformas de anúncios direcionados”.
Já a Apple conseguiu superar em 24% as projeções de vendas de iPhones, que chegaram a US$ 26,4 bilhões, sendo que o lançamento do modelo mais barato iPhone SE se mostrou uma estratégia acertada. Além disso, Giserman ressalta que o isolamento acelerou as vendas de iPads e Macbooks e que agora o desafio da empresa é o lançamento do 5G e no futuro do foco da empresa no mercado de saúde.
A Amazon, por sua vez, teve receitas de US$ 89 bilhões, superando em 10% as já altas expectativas do mercado, e apontou ainda um guidance de US$ 93 bilhões em receita no terceiro trimestre, indicando que o crescimento de vendas deve seguir. Enquanto isso, a Microsoft teve faturamento 17% maior no segmento de nuvem, ao passo que o Office365, Azure, Linkedin e Dynamics saltaram 30% na comparação anual, com destaque ainda para o Xbox, com receitas crescendo 65%.
O Google (Alphabet) teve o resultado menos impressionante, segundo o estrategista da XP. Foi a primeira vez na história que a companhia teve queda na receita, o que se deu pela queda de publicidade, em especial com viagens e turismo. Do lado positivo, porém, o Google Play e as assinaturas da YouTube cresceram 26% e ajudaram a compensar as perdas.