Hoje (29) é o primeiro dia da reabertura do comércio de rua na cidade do Rio de Janeiro. O setor foi autorizado a reabrir desde sábado (27) com horário reduzido, de 11h às 17h, após ser fechado no dia 24 de março por causa da pandemia da Covid-19.
A previsão do plano de reabertura era que o comércio de rua retomasse a partir de quinta-feira (2), mas a prefeitura resolveu antecipar a data por causa da diminuição do número de óbitos pelo novo coronavírus na cidade e o aumento de leitos disponíveis para tratamento da doença na rede de saúde.
As lojas que reabrirem têm que seguir regras para o funcionamento, como oferecer álcool em gel para os clientes, manter o ambiente aberto e ventilado e controlar o acesso ao estabelecimento ao máximo de um terço da capacidade.
No sábado, a vigilância sanitária inspecionou 78 estabelecimentos e aplicou 58 multas por descumprimento das regras. Foram quatro infrações por ausência do uso de máscara por funcionários; nove por consumo no local; dez por aglomeração na porta; 11 por falta de limpeza e ausência de insumos de higiene; e 24 por falta de licença sanitária.
Está mantida para o dia 2 a volta das academias de ginástica, bares e restaurantes, com restrições.
Comércio popular
Na região de comércio popular da Sociedade de Amigos das Adjacências da Rua da Alfândega (Saara), no centro do Rio, cerca de metade das lojas reabriram no sábado e hoje essa proporção deve aumentar, chegando à totalidade das 800 lojas até o fim da semana. Segundo o presidente da Saara, Eduardo Blumberg, a sensação entre os comerciantes é de alívio.
“Estamos nos sentindo aliviados, porque esse tempo todo fechado foi só acúmulo de dívida, é salário, duplicata que nós tínhamos para pagar, impostos, aluguéis, isso tudo não teve como postergar. Esse mês de junho não teve a suspensão do contrato de trabalho, a gente pôde suspender 70% o salário e o tempo que o funcionário fica na loja, mas como você vai pagar esses 30% sem faturamento nenhum?”
Segundo ele, o setor precisa, com urgência, de linhas de financiamento específicas para conseguir retomar o trabalho de forma adequada e sem demissões.
“O prejuízo é imensurável. Se não sair esses financiamentos nos próximos 60 ou 90 dias, o desemprego vai ser muito grande. Aluguel, salários, impostos, isso tudo vai cair no colo do comerciante agora. A gente vê a reabertura com alívio, claro, mas a gente não vai ter o movimento que tinha normalmente, o consumidor está desconfiado, está temeroso de sair na rua para consumir. A gente precisa desse financiamento para ter um respiro, pagar as dívidas e colocar a loja pra funcionar”, afirma Blumberg.
De acordo com o presidente da Saara, “quatro ou cinco” lojas fecharam as portas em definitivo durante a pandemia, mas a situação de demissões na região só será conhecida nos próximos 60 dias, com a retomada das atividades. Segundo Blumberg, a Saara gera entre 5 mil e 6 mil empregos e os comerciantes estão seguindo todas as recomendações sanitárias da prefeitura para reabrir.
*Colaborou Raquel Júnia, Repórter do Radiojornalismo EBC