A China se tornou em 2019 a principal depositária de pedidos internacionais de patentes, conquistando o título pela primeira vez dos Estados Unidos, anunciou nesta terça-feira (7) a Organização Mundial da Propriedade Intelectual (Ompi), uma agência da ONU com sede em Genebra.
“Em 1999, o Ompi recebeu 276 solicitações da China, contra 58.990 em 2019, 200 vezes mais hoje do que há 20 anos”, detalhou o diretor-geral da organização, Francis Gurry, citado em um comunicado de imprensa.
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Em uma entrevista coletiva, ele explicou que esse novo domínio chinês reflete o desejo de Pequim de transformar sua economia em “uma economia de maior valor agregado”, enfatizando se tratar de um “sistema de inovação favorecido pelo Estado”, no qual os subsídios públicos desempenham um papel importante.
Para o diretor da Ompi, “o rápido crescimento da China para chegar ao topo do ranking (…) destaca a mudança da geografia da inovação, com os depositantes asiáticos representando agora mais da metade de todos os pedidos”, enquanto a Europa e a América do Norte representam menos de um quarto desses pedidos.
Assim, a China encerra o reinado dos Estados Unidos (57.840 pedidos em 2019), que dominava o ranking todos os anos desde a criação do Tratado de Cooperação em Patentes (PCT) do Ompi em 1978.
As duas grandes potências são seguidos pelo Japão, Alemanha, Coreia do Sul e França.
A Ompi também observa que o forte crescimento dos pedidos de patentes internacionais na Turquia permitiu que o país se classificasse entre os 15 primeiros.
– Huawei –
Em seu relatório anual, o Ompi também observa que, pelo terceiro ano consecutivo, a gigante chinesa de telecomunicações Huawei Technologies, com 4.411 pedidos publicados, foi a principal depositária em 2019.
Em seguida, a Mitsubishi Electric Corp. do Japão, Samsung Electronics da Coreia do Sul, Qualcomm Inc. dos Estados Unidos e Guang Dong Oppo Mobile Telecommunications da China.
Um prêmio de consolação para os Estados Unidos, a Universidade da Califórnia permanece no topo do ranking de estabelecimentos de ensino. É seguida pela Universidade de Tsinghua na China.
A lista das 10 principais instituições acadêmicas solicitantes de patentes internacionais inclui cinco universidades nos Estados Unidos, quatro na China e uma na Coreia do Sul.
No geral, os pedidos de patentes internacionais apresentados por intermédio do PCT aumentaram 5,2% (265.800 pedidos) em 2019, enquanto os pedidos de registro internacional de marcas através do sistema de Madri aumentaram 5,7%.
Os pedidos de proteção de desenhos e projetos industriais no sistema de Haia cresceram 10,4%, marcando mais um ano recorde para todos os serviços globais de propriedade intelectual do Ompi.
– Pandemia –
Resta ver o impacto que a pandemia do novo coronavírus terá nos pedidos de patente.
Surgida na China no final de dezembro, a doença COVID-19 se espalhou rapidamente pelo mundo, matando mais de 73.000 até o momento e paralisando a economia.
“O impacto nas indústrias criativas e na inovação será extremamente importante”, disse Gurry a repórteres.
Explicando que ainda era muito cedo para quantificar esse impacto, que dependerá da intensidade e duração da crise, ele observou que os dados preliminares recebidos pelo Ompi para janeiro, fevereiro e março mostraram um declínio no crescimento de pedidos de patentes.
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