A cada ano que passa, o Brasil perde força no mercado internacional de flores, um setor que movimenta US$ 60 bilhões.
As exportações em 2017 retornaram para US$ 12,7 milhões, o menor volume em quase duas décadas. Para se ter uma ideia da retração, em 2008, o Brasil chegou a vender para o resto do mundo US$ 36 milhões em flores.
A retração no mercado externo, em parte, reflete o surgimento de novos polos de cultivo mais competitivos em outros países, mas também retrata a surpreendente ascensão das flores no mercado brasileiro.
Enquanto as porteiras do mercado externo vão se fechando, as do interno se abrem em um ritmo que deixaria qualquer outro setor da economia feliz.
No ano passado, o consumo de flores teve crescimento de 15% em algumas regiões do país, entre elas a de São Paulo. Na média nacional, a evolução foi de 8%.
Os produtores têm até dificuldade de atender a todos os pedidos, o que está transformando o Brasil num importante comprador de flores. No ano passado, as importações atingiram o recorde de US$ 40,5 milhões.
A transformação no mercado interno é tão grande que alguns já afirmam que o Brasil não voltará mais a ter uma grande atuação no mercado internacional, principalmente no segmento das chamadas flores cortadas (que inclui rosa, crisântemo e lírio, por exemplo).
Kees Schoenmaker, presidente do Ibraflor (Instituto Brasileiro de Floricultura), está entre os que acham que o retorno ao mercado externo será difícil, uma vez que a preferência dos brasileiros por presentear com flores em casa, na empresa, para amigos e amores vem crescendo ano a ano e consumindo a maior parte da produção.
“Flor não é um produto de primeira necessidade, mas ela é importante para as famílias, diz o presidente do Ibraflor. E o mercado interno não para de crescer”.
Os consumidores de São Paulo gastam, em média, R$ 50 por ano com flores. A média de gastos no país é de R$ 35, segundo o Ibraflor.
Avaliando o mercado externo, Schoenmaker diz que o Brasil poderá até elevar as exportações de mudas, mas é altamente improvável que isso ocorra com flores cortadas, como rosas.
O setor, que chegou a usar voos charters (fretados) para exportação, agora sente a concorrência de novos polos internacionais de produção. O custo de exportar já não compensa, diz o executivo.
No ano passado, 39% das receitas obtidas foram com exportação via aérea, quase a totalidade por São Paulo. Em 2005, o porcentual de exportações por via aérea chegou a 69%.
Fonte: Folha de SP