Cigarro eletrônico pode ser “isca” para tabagismo entre os jovens

Eles surgiram como alternativa menos nociva ao cigarro comum e, desde que apareceram no mercado internacional, em 2005, levantam debates entre usuários, especialistas, indústria e formuladores de políticas públicas sobre os riscos à saúde e o potencial de reduzir danos aos tabagistas. Uma busca rápida no PubMed, maior banco de dados de artigos científicos, revela a existência de 2.254 trabalhos a respeito de cigarro eletrônico — somente no ano passado, foram 604 publicações. À medida que aumenta a adesão a esse produto, uma das maiores preocupações é o uso que os adolescentes podem fazer dele.

Por causa dessa e de outras dúvidas sobre o cigarro eletrônico, em 2016, o governo norte-americano encomendou uma análise de tudo que já foi publicado a respeito à Academia Nacional de Ciência, Engenharia e Medicina. O resultado, divulgado ontem, conclui: as evidências de que o produto ajude adultos tabagistas a parar de fumar são limitadas, ao mesmo tempo em que há provas “substanciais” de que ele funciona como uma isca para os jovens, induzindo o caminho contrário. Eles começam com os vaporizadores e passam para o cigarro comum. O relatório foi produzido por um painel de cientistas que avaliaram mais de 800 estudos revisados pelos pares (que passaram pelo crivo dos colegas).

No relatório divulgado ontem, os especialistas destacam que 33,8% dos estudantes de ensino médio já usaram esse tipo de cigarro nos Estados Unidos. A incidência no 10º ano do ensino fundamental (correspondente ao 9º brasileiro) é de 29%. Os estudos avaliados pelos cientistas mostraram que a probabilidade de os jovens que já usaram o cigarro eletrônico evoluírem para o tabagismo convencional é de 23,2% (com resultados variando de 40,4% a 8,8%, dependendo da pesquisa). Já o risco de começar a fumar entre os que jamais utilizaram esse dispositivo é de 7,2% (variação de 3% a 10,6%)

 - REVISTA MAISJR

Fonte: Correio Braziliense