Num passado incrivelmente recente, quem dominasse algumas funções do Excel era visto como profissional diferenciado pelo mercado de trabalho.
Hoje, nem o domínio de todo o pacote Office chega a impressionar um recrutador – e quem não tem familiaridade com as planilhas da Microsoft pode sofrer para executar as tarefas mais básicas do dia a dia.
O mesmo pode ser dito sobre outras habilidades ligadas ao universo da tecnologia que ainda são consideradas “avançadas demais” para quem não trabalha diretamente com TI.
Segundo Max Bavaresco, sócio-diretor da Sonne Branding, as barreiras entre os mundos virtual e físico, online e offline, estão se tornando rarefeitas. Resultado: profissionais de áreas tão distintas quanto vendas, RH ou saúde precisarão adquirir conhecimentos cada vez mais profundos de tecnologia para desempenhar suas funções.
Se as planilhas do Excel viraram lugar-comum, diversas outras competências criadas pelo mundo digital serão acrescentadas ao rol de expectativas dos recrutadores do futuro.
Veja a seguir 5 delas, listadas por três especialistas:
- Noções de programação
Na visão do empresário Ernesto Haberkorn, sócio-fundador da TOTVS e diretor da TI Educacional, faz toda a diferença conhecer os mecanismos por trás das máquinas – tanto para usá-las melhor quanto para conversar “de igual para igual” com os colegas de TI.
Você não precisará necessariamente dominar linguagens ou escrever programas, mas um mínimo conhecimento do “idioma” da programação será útil para fazer solicitações mais precisas – e com mais chances de serem atendidas – ao setor técnico.
Para Eduardo Bahiense, fundador da Controller Education, noções básicas de programação deveriam ser ensinadas na escola. “Se aprendemos como funciona um coração, por que não aprendemos como funciona um site ou um computador?”, pergunta ele. “Além de reforçar o raciocínio lógico, é um assunto importante para a cultura geral de qualquer um”.
Fluência em dispositivos móveis
De acordo com Haberkorn, a maioria das pessoas usa de 5% a 10% das funções presentes em seus smartphones e tablets. No futuro, será necessário apropriar-se cada vez mais das possibilidades presentes nesses aparelhos.
Afinal, observa Bahiense, tudo está convergindo para esse tipo de gadget. “Mesmo hoje, quem não maneja um smartphone para se comunicar, se informar e trabalhar está atrasado em relação às exigências do mercado”, diz.
O fenômeno da mobilidade também põe em evidência plataformas de videoconferência e trabalho remoto, segundo Martina Zago, gerente da Randstad Professionals. “O trânsito só piora nas grandes cidades e a presença física no escritório está perdendo importância”, explica ela. “Todos precisarão saber como se conectar e como usar sistemas de trabalho a distância no futuro”.
Cultura digital
Uma frase célebre do sociólogo alemão Georg Simmel (1858-1918) diz que o culto não é o indivíduo que sabe tudo, mas sim aquele que sabe onde consultar aquilo que não sabe. O mesmo é aplicável ao mundo da tecnologia.
Ter uma cultura digital – isto é, saber onde encontrar informações, apps, ferramentas e sistemas necessários para cumprir uma determinada tarefa – será uma competência cada vez mais exigida pelo mercado de trabalho, afirma Eduardo Bahiense, da Controller Education.
Isso porque a competitividade das empresas depende diretamente da sua capacidade de responder rapidamente às mudanças. Profissionais sem um repertório mínimo de fontes e referências tecnológicas não terão agilidade suficiente para acompanhar esse ritmo.
- Familiaridade com a nuvem e a cibersegurança
Cada vez mais empresas têm aderido à computação em nuvem para armazenar dados de forma prática e segura. Essa tendência afetará a rotina de trabalho em diversas áreas, diz Martina.
É evidente que nem todos precisarão dominar os aspectos mais técnicos da “cloud computing”. Ainda assim, o mercado deve valorizar o profissional que entenda os fundamentos do processo e saiba como contribuir para manter os dados do seu empregador seguros.
A consciência sobre os riscos de vazamento de dados, aliás, deverá ser cada vez mais cobrada de profissionais de todas as áreas e níveis hierárquicos. Segundo Haberkorn, todos precisarão ter uma ideia de como funcionam os procedimentos de segurança, como eles podem ser quebrados e como evitar armadilhas.
Noções sobre análise de dados
Análise estatística e mineração de dados foram as competências mais buscadaspelos recrutadores brasileiros em 2015 no LinkedIn. O dado aponta para uma preocupação cada vez maior com a gestão do chamado “big data”.
A atividade continuará sendo especialidade dos profissionais de tecnologia e BI, mas ter alguma intimidade com o tema será necessário para todos no futuro – principalmente porque ele interfere na tomada de decisões em qualquer área ou negócio.
Segundo Martina, entender o conceito de “big data” e os mecanismos básicos por trás da coleta e da análise dos dados permite que um profissional saiba fazer as perguntas certas sobre o assunto e participe mais ativamente da estratégia trilhada pela sua empresa.
- 1. A concorrência das máquinas
Robôs podem e vão substituir seres humanos em diversas profissões. Mas quais são as carreiras mais ameaçadas a curto ou médio prazo? Dois pesquisadores da Universidade de Oxford, no Reino Unido, tentaram responder à pergunta. Para isso, analisaram 702 ocupações e estimaram suas chances de automatização nos próximos 20 anos. O estudo considerou as demandas específicas de cada profissão, tais como exigência por soluções criativas, interações sociais e negociações – os pontos fracos (por enquanto) das máquinas. O operador de telemarketing é o profissional mais ameaçado, com 99% de chances de perder seu posto. Já o trabalho menos “robotizável” é o de assistente social na área de drogas e saúde mental, com apenas 0,3% de probabilidade de substituição. Com base neste mesmo estudo, há previsões de que metade dos empregos da União Europeia esteja sob ameaça da tecnologia. Na China, esta parece já ser uma realidade: uma fábrica do país anunciou no mês passado que vai trocar 90% dos funcionários por robôs. Confira a seguir as profissões mais ameaçadas pela tecnologia nas próximas duas décadas. A lista apresenta as quatro carreiras mais automatizáveis em oito áreas, tais como engenharia, direito, educação e TI.
- 2. Arquitetura e engenharia
Profissão | Probabilidade de robotização em 20 anos |
Cartógrafo | 87,9% |
Desenhista de eletroeletrônicos | 80,8% |
Desenhista de arquitetura | 52,3% |
Engenheiro de hardware | 22,5% |
- 3. Administração e finanças
Profissão | Probabilidade de robotização em 20 anos |
Contador na área de impostos | 98,7% |
Assistente de empréstimos | 98,4% |
Analista de crédito | 97,9% |
Analista de orçamento | 93,8% |
- 4. Educação e informação
Profissão | Probabilidade de robotização em 20 anos |
Arquivista | 75,9% |
Bibliotecário | 64,9% |
Assistente de professor | 55,7% |
Professor do ensino fundamental | 17,4% |
- 5. Matemática e computação
Profissão | Probabilidade de robotização em 20 anos |
Programador de computadores | 48,1% |
Estatístico | 21,8% |
Atuário | 20,6% |
Analista de segurança da informação | 20,6% |
- 6. Vendas
Profissão | Probabilidade de robotização em 20 anos |
Operador de telemarketing | 99% |
Caixa | 97,1% |
Vendedor de varejo | 92,3% |
Vendedor de seguros | 91,9% |
- 7. Direito
Profissão | Probabilidade de robotização em 20 anos |
Assistente paralegal | 94,5% |
Escrivão | 50,2% |
Auxiliar jurídico | 40,9% |
Juiz | 40,1% |
- 8. Gastronomia
Profissão | Probabilidade de robotização em 20 anos |
Cozinheiro de restaurante | 96,3% |
Garçom | 93,7% |
Cozinheiro de lanchonete | 82,7% |
Barman | 76,8% |
- 9. Transporte
Profissão | Probabilidade de robotização em 20 anos |
Motorista de caminhão | 97,8% |
Taxista | 89,4% |
Motorista de ônibus | 88,8% |
Auxiliar de estacionamento | 87,4% |
Foto: Thinkstock/Brian Jackson
Fonte: Exame
Deixe um comentário