O temor de novos confrontos entre presos do Comando Vermelho (CV) e do Primeiro Comando da Capital (PCC) levou os estados do Rio e de São Paulo a firmarem um acordo de permuta de presos. Foi pactuado o retorno de detentos do CV, que estavam no interior paulista, para seu estado de origem e, em contrapartida, os integrantes do PCC presos no Complexo de Gericinó, na Zona Oeste do Rio, também vão voltar para São Paulo. Aliadas há mais de uma década, as facções romperam no fim de 2016, deixando mais de 100 mortos nas penitenciárias do Brasil.
A “troca” foi determinada no dia 16 de agosto deste ano pelo juiz titular da Vara de Execuções Penais do Rio, Rafael Estrela Nóbrega. O pedido formal foi feito pelo secretário de Administração Penitenciária do Rio, coronel Erir Ribeiro Costa Filho, após negociação com o governo paulista. Em cada estado, havia cerca de 100 presos das facções rivais. A Justiça paulista também autorizou a troca.
O juiz Rafael Estrela deferiu a transferência de internos já condenados e também dos provisórios, desde que não haja outros mandados de prisão preventiva ou cautelar contra eles.
Alegando “motivos de segurança”, as secretarias de Administração Penitenciária do Rio e de São Paulo se recusaram a dar informações sobre o cronograma da permuta e a quantidade exata de presos que serão “trocados”. Fontes ouvidas afirmaram que as transferências já estão quase finalizadas.
Em seu pedido à Justiça, o coronel Erir Ribeiro sustentou a importância das transferências para evitar conflitos entre grupos criminosos no sistema prisional do Rio, “aduzindo a existência de desentendimento entre as facções envolvidas na eventual permuta, que teria culminado com a ruptura das relações que as envolvia”. O Ministério Público estadual do Rio foi favorável às transferências requisitadas.
Além do temor de novos conflitos entre as facções, em São Paulo, a manutenção de presos do CV no estado criou um problema para a Secretaria da Administração Penitenciária (SAP) do estado. Uma unidade prisional no município de Florínea, no interior do estado, abrigava exclusivamente presos da maior facção criminosa do Rio. Com isso, uma penitenciária com capacidade para 847 detentos estava abrigando apenas 104.
O isolamento dos integrantes do CV em presídios paulistas ocorreu em fevereiro deste ano, após os conflitos entre os detentos das facções no Amazonas, Rio Grande do Norte e Roraima. A transferência ocorreu após os internos iniciarem motim e teve o objetivo de evitar confrontos como os ocorridos nos estados do Norte do país. Parte dos presos estava na Penitenciária 1 de Presidente Venceslau, no interior de São Paulo.
Já no Rio, os presos do PCC, que ficavam nas unidades destinadas aos integrantes Comando Vermelho, pediram transferência para presídios que abrigam bandidos da facção Amigos dos Amigos (ADA), à qual se uniu. Essa situação também não agradava integrantes do Ministério Público e do Judiciário do Rio, que consideravam temerário deixar duas facções que sempre foram rivais juntas, já que a aliança entre ambas era recém-pactuada.
Na última quarta-feira, presos do Comando Vermelho de 12 unidades prisionais do estado do Rio começaram uma greve de fome. Segundo informações da Secretaria de Administração Penitenciária, eles se recusaram a aceitar as refeições fornecidas. A ordem para a paralisação teria partido de chefes da facção. Os parentes dos detentos também não estão comparecendo às visitas.
Foto: Reprodução
Fonte: Extra
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