Pentágono irá investigar uso indevido de drones em protestos antirracismo

O Pentágono irá investigar se o uso de drones de vigilância em manifestações pacíficas contra o racismo nos Estados Unidos, pela Guarda Nacional, foi indevido, disse o porta-voz da Força Aérea, Patrick Ryder, na quinta-feira 18 a jornalistas.

O inquérito foi aberto após parlamentares terem demonstrado preocupação aos membros do Pentágono sobre a possível violação de direitos civis durante os protestos que tiveram início com a morte de George Floyd. 

“Seguindo as discussões com o secretário de defesa sobre as preocupações compartilhadas, o secretário da Força Aérea está conduzindo uma investigação sobre o uso da aeronaves RC-26, da Guarda Nacional, em apoio às autoridades civis durante os recentes protestos em cidades dos Estados Unidos”, disse Ryder.

O RC-26 é um avião não tripulado, utilizado para vigilância nas fronteiras contra a imigração irregular e tráfico de drogas. Também participa de operações no mar do Caribe, uma das principais rotas de entrada de drogas no país. Em Washington, uma unidade de elite da Guarda Nacional utilizou o drone durante os protestos, segundo o jornal The New York Times.

A truculência da Guarda Nacional ao reprimir os manifestantes pacíficos levou ao secretário de Defesa, Mark Esper, a abrir uma investigação sobre a atuação dos agentes, já que os episódios de pilhagem e destruição de patrimônio eram isolados

Um dos casos que gerou mais controvérsia foi a dispersão de um protesto em frente à Casa Branca para que o presidente, Donald Trump, pudesse cruzar a rua a pé até uma igreja para posar para uma foto com a bíblia nas mãos. A participação do Exército em assuntos internos ao país gerou controvérsias e embates entre as Forças Armadas e o presidente americano.  O chefe de Estado-Maior Conjunto, Mark Milley, a maior autoridade do Exército, apareceu na foto. Diante da da repercussão negativa, se desculpou pelo fato de a imagem passar a impressão de politização das Forças Armadas, órgãos de Estado e não de governo.

Em meio à pandemia de Covid-19, manifestantes vão às ruas no Estados Unidos para protestar contra a violência policial que levou à morte o afrodescendente George Floyd. O racismo dentro do sistema policial motivou os movimentos e ganhou o apoio massivo da população. Trump, que diz não haver racismo dentro da polícia, ameaçou usar o Exército para dispersar os manifestantes. Depois da queda de popularidade apontada pelas pesquisas eleitorais, o presidente assinou um decreto para uma reforma na polícia porém sem a participação de representantes dos manifestantes.

Fonte: Veja