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John Magufuli, presidente da Tanzânia desde 2015, morreu em Dar Es Salaam em consequência de uma doença cardíaca, conforme informou a vice-presidenta do país, Samia Suluhu, em uma mensagem televisionada. Após 18 dias de mistério em que o chefe de Estado de 61 anos desapareceu da vida pública, todo tipo de boatos e comentários se espalharam sobre sua saúde e sobre um possível contágio de covid-19, que não foi confirmado. Há uma semana, o líder da oposição Tundu Lissu, exilado na Bélgica, garantiu que Magufuli havia contraído a doença, mas o Governo foi rápido em negar.

O autoritário Magufuli foi o grande líder negacionista da pandemia de coronavírus na África. Resistiu em fornecer dados sobre infecções, expulsou os representantes da Organização Mundial da Saúde (OMS) do país, afirmou que a Tanzânia estava protegida da doença por intervenção divina, recusou-se a impor medidas de distanciamento social ou toques de recolher e rejeitou as vacinas. Os primeiros rumores de que Magufuli, apelidado de Bulldozer [Trator] em seu país, poderia ter covid-19 começaram quando, depois de sua ausência da vida pública, um jornal queniano publicou que “um líder africano” estava sendo tratado dessa doença em Nairóbi.

No entanto, as autoridades tanzanianas não demoraram a desmentir a notícia. O primeiro-ministro Kassim Majaliwa disse na sexta-feira que Magufuli gozava de “boa saúde” e explicou que continuava trabalhando duro, “como sempre”. Na segunda-feira, a vice-presidenta pediu aos cidadãos que “ignorassem as fofocas” e acrescentou que a Tanzânia “agora está cheia de boatos vindos do exterior, mas que devem ser ignorados. É bastante normal alguém ter gripe, febre ou alguma outra doença”, comentou.

Em fevereiro a Tanzânia viveu uma onda de mortes inicialmente atribuídas à pneumonia, mas que, na ausência de dados oficiais e testes, suspeita-se que poderiam ser devido à covid-19. Várias personalidades morreram repentinamente naquele mês, primeiro o vice-presidente do arquipélago de Zanzibar, Seif Shariff Hamad, de 77 anos, e depois o secretário-chefe do Governo, John Kijazi. O ministro da Economia, Philip Mpango, tossia e respirava com dificuldade na entrevista coletiva em que informou esta última morte. Em 19 de fevereiro, durante o funeral de Kijazi, Magufuli admitiu a existência de “uma doença respiratória” na Tanzânia, sem especificar se falava sobre o coronavírus.

Magufuli foi eleito presidente da Tanzânia pela primeira vez em 2015 e desde então se caracterizou por seu estilo autoritário e sua luta contra a corrupção e o desperdício público. Foi reeleito para o cargo em outubro com 84% dos votos em meio a denúncias de fraude de seu principal adversário, o já citado Tundu Lissu.

*Com informações do El País